Partes fundamentais do espetáculo das corridas de cavalo, os jóqueis necessitam levar uma vida repleta de concessões, restrições e limites. Não à toa, diversos dramas e dificuldades são experimentados por esses profissionais, sendo que até mesmo alguns dos melhores e mais notáveis pilotos, das mais diferentes localidades, enfrentam problemas, nos bastidores, que não transparecem ao grande público, durante os breves minutos de uma corrida.

Entre os dias 7 e 8 de novembro, profissionais ligados ao turfe e ao mundo do bem-estar atlético, estiveram reunidos, em Dubai, na Conferência Internacional sobre Saúde, Segurança e Bem-Estar de Jóqueis (ICHSWJ). Ao longo dos 12 painéis da Conferência (realizada de 2 em 2 anos), temas dos mais diversos, ligados ao assunto central debatido, foram tratados: anatomia, cuidados com a parte óssea, demandas psicológicas, nutrição e medidas adotadas, nos mais diferentes países, a fim de minorar riscos e potencializar as condições de saúde e segurança dos jóqueis.

A Superintendente da ABCPCC, Mayra Frederico, representou a Organização Sul Americana de Fomento ao Puro Sangue Inglês (OSAF), durante as apresentações do dia 7. Mayra, que em 2017 havia apresentado, na mesma Conferência, o projeto da Escola Preparatória de Jockeys, desenvolvido no Jockey Club Brasileiro (clique aqui para acessar a matéria), desta feita atualizou os presentes acerca de estatísticas e providências adotadas, no tocante aos jóqueis radicados na América do Sul. Mais precisamente nos 14 hipódromos membros da OSAF.

Estatísticas e dados relacionados a esses hipódromos colocam-lhes, em alguns aspectos, à frente de hipódromos situados em algumas das principais praças turfísticas do mundo. 86% dos hipódromos sul americanos em análise contam com 2 ambulâncias cada e equipes de médicos e paramédicos – enquanto boa parte dos hipódromos norte-americanos, por exemplo, não dispõem desses artifícios e pessoal.

De acordo com os números expostos, todos os 14 hipódromos membros da OSAF possuem protocolos sobre concussões, fornecem plano de saúde aos jóqueis, dispõem de sala médica e submetem jóqueis a exames médicos, antes de lhes dar a licença para montar.

Ponto crítico, de outro lado, dize respeito ao baixo índice (50%) de hipódromos que realizam exames antidoping junto aos seus jóqueis. Nesse aspecto, foi mencionada, de especial modo, a experiência chilena, iniciada em 2015, e que de lá para cá representou a realização de 344 exames – dos quais 8 apontaram positivo para entorpecentes. Também carecem de melhoria as regras dos hipódromos que sejam impositivas quanto aos tipos de capacetes e coletes aceitos nas corridas. Por ora, os hipódromos sul americanos apenas recomendam a adoção deste ou daquele tipo, sem, contudo, exigir a sua utilização.

Em relação à assistência a jóqueis afastados por acidentes, somente Monterrico, La Plata e Palermo internalizaram programas do tipo. Nesses programas, são calculadas as médias de premiação obtidas pelo respectivo jóquei, nos meses anteriores ao afastamento, a partir das quais remunerasse o profissional, durante o afastamento, conforme regras próprias de cada programa.

Por fim, divulgou-se o lançamento, pela OSAF, do aplicativo “Jose, el Jinete Saludable”, disponível para smart phones, e que oferece variadas informações, gratuitamente, a jóqueis – em temas relacionados a exercícios físicos, nutrição, técnicas de relaxamento, práticas proibidas em corridas, prevenção e aconselhamento sobre o uso de drogas e álcool.

Para mais detalhes acerca do aplicativo, clique aqui.