Sem qualquer demérito das maiores provas da costa oeste ou, ainda, do festival itinerante da Breeders’ Cup, nenhum outro páreo mexe tanto com o turfe norte-americano – e, por que não, com a sociedade local – do que o Kentucky Derby. Prova já inserida, de longa data, no imaginário e na cultural popular local, a primeira etapa da tríplice coroa norte-americana será disputada neste sábado (7), em Churchill Downs (2.000m na areia, com bolsa de US$ 3 milhões) e, mantendo sua tradição, apresenta campo dos mais equilibrados.

Antes da virada para os 3 anos, Corniche e Jack Christopher dominaram a cena dos potros da geração 2019, nos Estados Unidos. À medida que nenhum dos dois (Corniche recebeu uma pausa em seu treinamento após vencer a Breeders’ Cup Juvenile (G1), com alguma ligação à indefinição da possibilidade de seu ex-treinador, Bob Baffert, poder ou não inscrever animais em Churchill Downs; Jack Christopher lesionou-se) teriam condições de participar do páreo, vários foram os nomes que surgiram para ocupar essas vagas de destaque. Ocorre, porém, que mesmo após as disputas das preparatórias e com o despontar de bons valores, ainda assim percebe-se um campo pleno de equilíbrio – sem que haja, ali, uma força destacada.

No morning line, o favoritismo cabe a Zandon, que venceu o principal teste dos hipódromos do Kentucky: o Blue Grass Stakes (G1). Dono de vistosa aceleração final, o castanho pode render ao treinador Chad Brown sua primeira vitória na Run For The Roses – e a segunda ao bridão Flavien Prat, que brilhou intensamente no recente meeting de Keeneland.

Epicenter, que vem de duas vitórias e, inclusive, derrotou a Zandon numa delas, forma juntamente de Cyberknife e de Taiba uma poderosa trinca do reprodutor Gun Runner, que, logo em sua primeira geração, possui dilatadas possibilidades de revelar o mais destacado 3 anos do país.

Mo Donegal e White Abarrio foram outros que deixaram impressões das melhores ao vencerem corridas preparatórias. Crown Pride tenta colocar o Japão, mais uma vez, como protagonista num festejo estadunidense – a exemplo do que ocorreu na Breeders’ Cup – e Messier é, ao lado de Taiba, uma espécie de fantasma para aqueles que ocupam os bastidores do hipódromo – e da prova: ainda que sob a responsabilidade de Tim Yakteen, ambos carregam consigo o espectro de Bob Baffert, que, nas instâncias judiciais, vêm travando um intenso litígio com a instituição.

Happy Jack, Summer Is Tomorrow, Smile Happy, Charge It (ainda visivelmente “verde”), Tiz The Bomb, Pioneer of Medina, Simplification, Barber Road, Classic Causeway, Tawny Port, Zozos e Ethereal Road (este, por menores que sejam suas chances, traz, novamente, ao Kentucky Derby, o lendário Wayne Lukas) completam o campo.

Na brilhante programação sabatina de Churchill Downs, porém, muitos outros nomes desfilarão, em importantes páreos. Dentre eles o do brasileiro Ivar, de Bonne Chance Farm/Stud RDI, que alinha como uma das forças no Turf Classic Stakes (G1), em 1.800m na grama, com US$ 1 milhão de bolsa. Inscrição de Paulo Lobo e montaria de Joseph Talamo, Ivar reaparece após ter finalizado em terceiro na Breeders’ Cup Mile (G1) do ano passado. Vindo de três vitórias “a fio” (a última em G1), Shirl’s Speight surge ao lado do irlandês Adhamo (fará a sua segunda corrida nos EUA) como consideráveis obstáculos no caminho do filho de Agnes Gold.

Antes de tudo isso, porém, potrancas de 3 anos irão à raia, nesta sexta-feira (6), no Kentucky Oaks (G1), em 1.800m na areia, com US$ 1,25 milhão de dotação. A invicta Echo Zulu, coroada com o título de Champion 2yo Filly, meses atrás era cotada como “barbada antecipada” no páreo. Seu pouco chamativo reaparecimento (com vitória apertada no Fair Grounds Oaks (G2)) aliado ao “crescimento” de nomes como os de Secret Oath, Nest e Kathleen O., contudo, transformaram o embate das fêmeas noutra corrida com promessa de fortes emoções.