30 maio 2024 | 19:09:25

TDN apresenta matéria com o brasileiro Sérgio de Sousa - e sua Hidden Brook Farm

Reportagem do Thoroughbred Daily News abordou a trajetória - e diversas histórias - de Sérgio, junto ao PSI, nos Estados Unidos.


Registro de Sergio de Sousa, na Hidden Brook. 

Imagem: Katie Petrunyak/TDN

Na última semana, o Thoroughbred Daily News publicou reportagem que ilustra a trajetória - e diversas histórias a ela inerentes - do brasileiro Sérgio de Sousa, que, desde o final da década de 1980, presta serviços relacionados ao Puro Sangue Inglês, no hemisfério norte. Desde 2002, gerencia (na condição de co-proprietário) a Hidden Brook Farm, no Kentucky.

Para acessar a matéria original, assinada por Katie Petrunyak, CLIQUE AQUI.

Abaixo, confira a tradução do texto. 


***

A primeira coisa que você nota ao chegar à seção de potros da Hidden Brook Farm é como, em ambos os lados das portas que levam ao andador coberto, dezenas e dezenas de placas, contendo nomes de animais, estão organizadas em fileiras, servindo como o quadro de honra dos cavalos criados, nascidos, re-criados ou vendidos pela Hidden Brook. Pergunte ao gerente da fazenda, Sergio de Sousa, sobre qualquer um dos nomes que você vê listados ali e ele terá uma história a respeito.

Pegue, por exemplo, o nome de Tell a Kelly. A filha de Tapit foi consignada pela Hidden Brook nas vendas de setembro de Keeneland, no ano em que a primeira geração de seu pai encontrava-se com 2 anos. Na época, Tapit revelava grande potencial, mas muitos de seus ganhadores eram tordilhos. Tell a Kelly, uma bela égua castanha, com uma crina clara, foi vendida por apenas US$ 45 mil, após muitos possíveis compradores terem dito a sérgio que apenas os tordilhos (de Tapit) seriam capazes de "correr". No ano seguinte, em 2010, a égua venceu o Debutante Stakes (G1), em Del Mar.

O quadro de honra da Hidden Brook Farm.

Imagem: Katie Petrunyak/TDN

Então, há o nome de Firing Line (Line of David). Ele é conhecido por ter finalizado em segundo para American Pharoah no Kentucky Derby (G1) de 2015, mas Sérgio recorda-se dele da época em que cresceu, na Hidden Brook, enquanto um potro de sobreano. Do outro lado da estrada que tangencia o piquete de Firing Line, o vizinho deles, Beau Lane, tinha um bom potro, filho de Giant's Causeway, que veio a ser chamado de Carpe Diem e também correu no Kentucky Derby de 2015.

"Eu me pergunto se eles já se olharam no Derby e disseram: 'Ei, lembra de mim? Eu era seu vizinho!", especula Sérgio, com um sorriso.

Dixie Chatter (Dixie Union) foi consignado pela Hidden Brook, em 2006, mas tamanha era a confiança do criador Herman Sarkowsky, em seu potro, que decidiu defendê-lo por US$ 200 mil e ficar com ele. O potro, então, foi enviado para Richard Mandella e, na primeira vez que Sérgio o viu trabalhar, imediatamente, ligou para Sarkowsky.

"Ou esse cavalo é realmente bom ou o Mandella está prestes a demitir a pessoa que o trabalhou, porque os cavalos de Mandella não trabalham assim", disse a Sarkowsky.

Não muito tempo após essa conversa, Dixie Chatter venceu o Norfolk Stakes (G1), em Santa Anita.

Pretty Discreet foi uma das éguas preferidas de Sérgio, em todos os tempos. Ele teve seu primeiro contato com a ganhadora de G1, filha de Private Account, quando trabalhava para Indian Creek Farm, no Kentucky. O criador Paul Robsham já havia escolhido um garanhão para lhe cobrir, em 2001, mas Sérgio estava convencido de que ela deveria ser enviada para um garanhão melhor, como Awesome Again. Robsham concordou e o cruzamento produziu Discreetly Awesome, que era bastante incorreto e sequer chegou a correr. Eles tentaram, então, cobri-la com Medaglia d'Oro, por várias vezes e, ainda assim, por algum motivo, não conseguiram deixá-la prenhe. Por fim, "aos 45 do segundo tempo", Sérgio enviou a matriz para Maria's Mon. O produto resultante foi a ganhadora de G1 e finalista do Eclipse Awards, Awesome Maria.

O próximo potro de Pretty Discreet, Discreet Cat (Forestry), nasceu e foi criado na Hidden Brook. Ele era um potro atlético, mas notavelmente com os joelhos "em xis", nos primeiros meses de vida. Isso não o impediu de vencer o UAE Derby (G2), a Breeders' Cup Handicap (G2) e o Cigar Mile Handicap (G1) em 2006.

Alguns anos depois, Sérgio acompanhou a caminhada, das cocheiras até o padoque, do Kentucky Derby (G1) de 2010, do filho de Pretty Discreet, Discreetly Mine (Mineshaft), mas esteve tão tenso, durante toda a experiência, que mal se recorda de algo.

"Começaram a cantar 'My Old Kentucky Home' e, então, 'boom', os cavalos cruzaram a linha de chegada", recorda-se, rindo.

Enquanto Sérgio continua caminhando pela fila de placas, ele lê nome após nome e a viagem pela memória continua. Para cada cavalo, há uma história divertida ou um fato interessante, que conectam as pessoas e os cavalos que ajudaram a construir a Hidden Brook Farm - até o que é hoje.

"No final do dia, as pessoas vão lembrar dos cavalos antes de se lembrarem de nós", explica Sérgio. "Todos têm histórias diferentes e são especiais à sua maneira. Todos estão de alguma forma conectados com uma história que os torna especiais para nós".

Crescendo em São Paulo, Sérgio aproveitava todas as oportunidades para escapar da cidade e visitar as fazendas de seus tios, onde a produção de café era a principal fonte de renda, mas onde também havia alguns animais de salto e alguns cavalos de corrida. Depois de se formar no ensino médio, ele jogou basquete por um tempo, mas não tinha altura suficiente para ir adiante. Então, ele juntou-se ao seu primo, Alberto Figueiredo - atualmente manager da Bonne Chance Farm - trabalhando para uma agência de leilões, no Brasil (APPS), como pisteiro e pesquisador de pedigrees.

Em 1987, Sérgio e Figueiredo realizaram sua primeira viagem ao Kentucky, onde Sérgio passou a trabalhar, no Margaux Stud, em Midway. Ele, então, viajou para trabalhar em diferentes haras na Irlanda, França, Itália e Nova Zelândia. Quando começou a trabalhar para o Dr. Michael Osborne, no Kildangan Stud (a base irlandesa da Godolphin), foi - como Sérgio descreve agora - o início de sua própria versão do Godolphin Flying Start antes mesmo de o célebre programa existir.

"O Dr. Osborne dizia que quando você voa, começa", brinca Sérgio. "Eu não parava no escritório. Não havia obrigações, nem cafés da manhã, mas foi ótimo. Os cavalos podem te levar a qualquer lugar, ainda que o mercado dos cavalos seja um mundo muito pequeno".

Não muito tempo depois de Sérgio ter retornado aos Estados Unidos, ele começou a trabalhar para a Adena Springs, onde conheceu Jack Brothers, Dan Hall, Mark Roberts e Danny Vella. Em 2002, o quinteto reuniu suas cabeças pensantes - e seus talões de cheques - e adquiriu um terreno de 121 hectares, em Paris, Kentucky.

Dan Hall relembra como a Hidden Brook foi, assim, criada.

"A Adena Springs possuía garanhões, mas não aceitava pensionistas, então, durante anos enviamos as éguas cobertas, para outros lugares. Tratamos do assunto com o Frank (Stronach, proprietário da Adena Springs) antes de fazermos isso (adquirir a Hidden Brook), mas, realmente, não havia nenhum conflito de interesses porque a Adena era completamente particular. Então, arriscamos, colocamos algum dinheiro como entrada na propriedade e depois corríamos para a caixa de correio, toda semana, esperando pelos cheques chegarem. Não imaginávamos que todos nós acabaríamos trabalhando para o haras. Tem funcionado muito bem".

Vinte e dois anos depois, a composição da sociedade é ligeiramente diferente e o negócio evoluiu de muitas maneiras, mas suas filosofias são quase as mesmas da época em que a Hidden Brook Farm foi criada. Vella vendeu sua parte para o texano Kevin Latta, cerca de uma década atrás, e Brothers, recentemente, também vendeu sua parte, mas ainda participa da equipe.

Comemoração pela vitória de Hidden Connection no Pocahontas Stakes (G3).

Imagem: Coady Photo

A Hidden Brook sempre foi, primordialmente, um pensionato, mas eles também mantém uma dúzia de éguas suas e participam de parcerias em animais em treinamento. Knights Templar (Exploit) foi o primeiro animal que eles adquiriram, nesse formato (para corridas), em 2004. Arrematada por US$ 80 mil, nos leilões de setembro, em Keeneland, tornou-se a Melhor Potranca de 2 Anos do Canadá, no ano seguinte. Num recorte para os dias de hoje e é Hidden Connection (Connect) a "garota propaganda" da operação. A vencedora do Pocahontas Stakes (G3) de 2021 está se aproximando de um milhão de dólares em prêmios e, recentemente, formou a dupla no Doubledogdare Stakes (G3) para Hidden Brook e Black Type Thoroughbreds. Hall é quem lidera essa parte do negócio, que, geralmente, consiste em cerca de seis potrancas, por geração.

Em 2015, a Hidden Brook inaugurou uma seção de treinamento, em Ocala. Liderada pelo sócio Mark Roberts, já passaram pela instalação nomes como os da Champion Jaywalk (Cross Traffic), do vencedor de G1 Arabian Lion (Justify) e, mais recentemente, do três vezes ganhador de G1, Program Trading (GB) (Lope de Vega).

Atualmente, Sérgio ocupa a mesma posição na qual iniciou, na Hidden Brook, como seu sócio gerente, administrando a operação diária da seção de Paris, Kentucky. O haras dobrou em tamanho, desde a sua fundação. Cerca de 100 éguas de propriedade dos seus clientes têm a Hidden Brook como lar e, a cada temporada, cerca de 60 produtos são consignados pela Hidden Brook, nos leilões de yearlings.

Com quatro ou cinco sócios, existem quatro ou cinco conjuntos diferentes de experiências, teorias e abordagens. A equipe da Hidden Brook descobriu como utilizar as ideias, uns dos outros, como ativos, ao invés de motivos para discórdia.

"Há muitas opiniões, mas acho que fizemos um bom trabalho em conseguir separar as coisas", diz Sérgio. "Entendo que todos nós meio que nos alimentamos, um pouco, das ideias uns dos outros, quando necessário. Se você combinar a experiência de todos, há mais de 100 anos de conhecimento sobre cavalos. Como qualquer coisa na indústria do PSI, há muitas maneiras diferentes de fazer algo e isso não significa que há uma maneira certa ou errada. Você faz do jeito que funciona para você".

Desde 2002, a Hidden Brook teve participação na criação de 230 vencedores de black type, de 103 ganhadores de provas de grupo e de 27 ganhadores de G1, mas Sérgio prontifica-se em dizer que não mudou muito, em termos de estilo de gestão, ao longo das últimas duas décadas.

"Fazer mais no negócio não significa fazer melhor; você está apenas fazendo mais", diz ele. "Nunca realizamos mudanças drásticas. Possuímos nosso conhecimento, não me entenda mal, mas vi muitas coisas, em 40 anos. O programa tem que evoluir em torno de cada cavalo, enquanto indivíduo, mas tentamos não complicar. Tentamos mantê-los felizes. Temos orgulho de tentar criá-los enquanto autênticos cavalos de corrida e não há lugar melhor para eles do que ao ar livre".

Um domingo de maio, na Hidden Brook Farm.

Imagem: Katie Petrunyak/TDN

A chave para uma boa gestão, segundo Sérgio, é a observação. Ele não confia em balanças para pesar seus cavalos. Ele monitora regularmente a condição corporal deles e realiza ajustes, conforme necessário. O comportamento dos animais no pasto também é importante. Sérgio busca reunir os exemplares, em grupos, que mais se adequem às suas personalidades. 

Pegue Dynaire (Dynaformer), por exemplo. A mãe do vencedor do ganhador de G1 Sadler's Joy (Kitten's Joy) costuma isolar-se, quando colocada no pasto, com um grande grupo de éguas, mas coloque-a em um piquete menor, com a sua filha Dyna Passer (Lemon Drop Kid), e ela fica feliz da vida. O par mãe-filha pasta lado a lado com seus potros, filhos de Not This Time e Munnings, tirando uma soneca por perto.

Outra qualidade de um bom gerente de haras é compreender que muitas coisas acontecerão conforme a vontade dos cavalos, ao invés das suas próprias vontades. Sérgio recorda, com bom humor, uma conversa que se acostumou a ter, ao longo dos anos.

"Quando os clientes dizem: 'Vou enviar minha égua para você e você vai cruzá-la com esse garanhão, durante aquele ciclo fértil e depois vou trazê-la para casa'. Eu digo, 'Você já contou para a sua égua qual é o seu plano? Ela provavelmente tem algo a ver com isso'".

E, é claro, ninguém pode realmente prever a capacidade atlética de um cavalo, até ele ingressar, pela primeira vez, no partidor de uma corrida.

"Lembro-me de quando tivemos a sorte de participar da compra do Big Brown (por Boundary, ganhador do Kentucky Derby (G1), do Preakness Stakes (G1) e de outras duas provas de G1) para Paul Pompa Jr.", diz Sérgio. "Na época, as pessoas me ligavam e diziam: 'Se você encontrar outro Big Brown, me avise e eu entro nisso.' E eu respondia, 'Se eu encontrar outro Big Brown, para que eu ligaria para você? Eu iria direto ao banco, isso sim!'"

Embora haja, constantemente, éguas, potros, potrancas e animais em descanso, chegando e saindo do haras, Sérgio é capaz de olhar para o pasto e chamar um a um pelo nome, listando seus retrospectos ou filiações, com precisão. Cada cavalo tem uma história, ele diz.

Isso valeu, até mesmo, para o amado rufião da Hidden Brook, que faleceu no ano passado aos 23 anos. Sérgio o adquiriu de um vendedor de amas de leite, quando ele tinha apenas 2 anos. Na época, Chris Brothers, filho do sócio Jack Brothers, chegou à Hidden Book para trabalhar. Ele apresentava-se como o filho de Jack (em inglês, Jack's Son), então o rufião foi chamado de Jackson.

"Ele era um ótimo rufião", reflete Sérgio. "Você podia colocar um cabo, de mentira, nele, que ele sabia atiçar as éguas. Quando meus filhos eram pequenos, eles o montavam sem sela. Suas cinzas ainda estão no meu escritório e a Hagyard acabou de nos dar uma árvore que plantamos para ele".

O "cara branca" Neat venceu prova de G3, no último meeting de Keeneland.

Imagem: Coady Photo

Gerenciar os moradores de quatro patas da Hidden Brook é algo natural para Sérgio. E quando se trata de supervisionar seus funcionários, ele não se vê como seu chefe.

"Somos todos iguais aqui", explica. "Eu não ando por aí dizendo que sou o dono. Eu sou parte da equipe, não diferente dos tratadores, do vigia noturno ou da equipe de manutenção. Cada um de nós possui a sua importância, quando um cavalo tem sucesso".

Nunca a Hidden Brook foi tão representada, num final de semana de Kentucky Derby, quanto no deste ano, quando o haras esteve associado a quase uma dúzia de cavalos que participaram de stakes, em Churchill Downs.

Tanto o vencedor do Turf Classic Stakes (G1) Program Trading, quanto o competidor do Alysheba Stakes (G2) Pipeline (Speightstown) foram iniciados na seção de treinamento, na Flórida. Já dentre cavalos nascidos, criados ou consignados pela Hidden Brook estiveram a corredora do Edgewood Stakes (G2) Pink Polkadots (Candy Ride); a competidora do Churchill Distaff Turf Mile Stakes (G2) Evvie Jets (Twirling Candy); o competidor do Knicks Go Overnight Stakes Oscar Eclipse (Oscar Performance) e o competidor do American Turf Stakes (G2) Neat (Constitution), que foi co-criado pela Hidden Brook. O campo Kentucky Derby (G1) apresentava West Saratoga (Exaggerator), que foi consignado pela Hidden Brook nos leilões de setembro de Keeneland, e o quarto colocado Catching Freedom (Constitution) cuja mãe Catch My Drift (Pioneerof the Nile) competiu nas cores da Hidden Brook e finalizou em segundo no Beldame Stakes (G1), antes de ser comercializada para a WinStar Farm, por US$ 400 mil.

Antes das festividades do Derby, contudo, a Hidden Brook teve muito a comemorar durante as corridas do meeting de abril, em Keeneland. Bo Cruz (Creative Cause), que também nasceu e foi criado na Hidden Brook e depois por ela consignado no leilão de setembro de Keeneland, tendo conquistado o Commonwealth Stakes (G3). Naquele mesmo fim de semana, Neat venceu, na sua primeira atuação, em stakes, o Transylvania Stakes (G3). O potro treinado por Rob Atras, de propriedade de Red White and Blue Racing, foi criado, em conjunto, pela Hidden Brook e Spruce Lane Farm. No mesmo meeting, a irmã de 2 anos de Neat, Burning Pine (Nyquist), venceu facilmente, em sua estreia, para Wesley Ward e Hat Creek Racing.

A Hidden Brook adquiriu Orabella (More Than Ready), a mãe de Neat e Burning Pine, por US$ 62 mil, nos leilões de novembro de Keeneland, em 2015. Sérgio era familiarizado tanto com a égua (uma matriz sem campanha), quanto com a sua mãe, a colocada em stakes Hot Trip (Yellow Heat), pois ambas foram criadas por Paul Robsham, o mesmo criador responsável por Pretty Discreet.

Quando a Hidden Brook enviou Orabella para Constitution, alguns anos depois, em 2020, o garanhão da WinStar Farm tinha suas coberturas comercializadas por US$ 40 mil. Atualmente, seus serviços são vendidos por US$ 110 mil. 

"Ele (Constitution) estava prestes a estourar", diz Sérgio. "Compramos coberturas dele para três temporadas e as pessoas, hoje, me dizem que fomos muito espertos. Eu digo a elas que se fossemos espertos, de verdade, teríamos comprado muito mais".

Neat foi consignado pela Hidden Brook, como potro desmamado, nos leilões de novembro, em Keeneland, e alcançou o preço de US$ 200 mil. Desde então, faturou mais de US$ 350 mil, em prêmios.

“Todos os potros de Orabella têm um temperamento muito bom”, relata Sérgio. “Neat era muito tranquilo e Burning Pine era igual. Ela (Burning Pie) era muito comprida e algo fina, uma potranca de 'pernas' compridas. Por isso, ela só alcançou US$ 80 mil no leilão, mas todos são muito dóceis. Se você reparou nela, no winners' circle, após a corrida, em Keeneland, viu que muitas crianças do sindicato, que detém a sua propriedade, estavam todas se divertindo com ela, que permanecia mansa."

Embora Orabella tenha perdido o produto que gestava, apenas alguns dias após a vitória de Neat, no último mês de abril, ela possui uma promissora potranca de um ano, filha de Medaglia d'Oro, que tende a ser leiloada, em setembro, em Keeneland.

Se, há 22 anos, a equipe da Hidden Brook pudesse olhar para frente e imaginar tudo o que sua operação iria realizar, seria difícil encontrar um sócio sequer que acreditasse nisso.

“Somos um pouco únicos neste negócio, já que nenhum de nós veio de dinheiro ou conexão anterior com a atividade”, reflete Hall. “Todos nós começa,os do zero e éramos apaixonados por isso. Agrada-me a ideia de que tomamos algumas decisões inteligentes, mas você também precisa ter sorte nesse negócio.”

“Tivemos anos muito difíceis”, acrescenta Sérgio. “Felizmente, os últimos anos têm sido muito bons para nós, seja com os números do haras, seja com os resultados dos nossos próprios animais. Na verdade, estamos investindo em mais éguas. Enquanto muitas pessoas estão reduzindo, estamos otimistas sobre como podemos melhorar, com base no que podemos pagar e naquilo que gostamos.”

“Não há maior emoção do que ter um bom produto que você mesmo criou”, prossegue. “Quando você é proprietário de um (animal) que você acompanhou o tempo todo, vê ele correndo e se saindo bem, é uma sensação diferente. Mas, tudo tem que fazer sentido financeiramente. Posso romantizar tudo, mas no final do dia, o haras tem que se pagar. Não há uma mina de ouro aqui. Isso têm que gerar empregos e pagar salários. O mercado dos cavalos tem tantos altos e baixos e você precisa perseverar. Você tem que ter paixão por todo o processo para ser um criador de cavalos e necessita aprender a aproveitar quando está bom, bem como aceitar que você não pode controlar a natureza quando não está. Para nós, como criadores comerciais, é isso que mantém as portas abertas aqui. Como criador, você sempre tem que continuar sonhando.”

Mais notícias

Breeders’ Cup: criadores brasileiros terão até 28 de fevereiro para nominar garanhões

Brasil participa de programa alternativo de credenciamento de reprodutores para o festival norte-americano.

Idle Ways mostra forma para a tríplice coroa

Potranca do Haras Santa Maria de Araras conquistou o Clássico Octavio Dupont (L).

EUA: esperança brasileira, Ivar retorna ao working tab

Corredor de Bonne Chance Farm & Stud RDI retomou seus exercícios cronometrados, no Kentucky.