Ministério da Agricultura admite rever a legislação do Mormo no país
Reunião da Câmara Setorial de Equideocultura continua a discutir o programa de controle da doença e a ouvir especialistas
A reunião extraordinária da Câmara Setorial de Equideocultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), realizada na quarta-feira (21/07), de forma virtual, seguiu com as discussões sobre protocolo e diagnóstico do Mormo, como foi estabelecido na reunião da semana anterior. Presidida por Eliana Lara Costa, responsável pelo Programa Nacional de Sanidade de Equídeos (PNSE), o encontro começou com apresentação do professor Rinaldo Mota, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), sobre a caracterização da bactéria B. mallei.
Rinaldo abordou sua experiência profissional, relacionada ao Mormo e falou sobre necrópsias. A outra apresentação foi feita pela Dra. Edviges Maristela Pituco, coordenadora do Laboratório de Referência OIE/FAO para Febre Aftosa e Estomatite Vesicular do PANAFTOSA-OPS/OMS, sobre os resultados do Projeto Mormo da estação quarentenária de Cananéia.
Eliana admitiu que o MAPA não pode definir nada que não esteja em legislação. “Estamos num momento de aperfeiçoar o Protocolo de Diagnóstico, mas temos essa limitação. Podemos rever a política do Mormo no Brasil a partir da consolidação de estudos científicos”. A Dra. explicou que hoje existem novas ferramentas de diagnósticos. “A maioria dos métodos não é perfeita e pode gerar falso positivo ou falso negativo. Nosso objetivo é buscar o teste que mais se aproxima do correto. Não temos teste que determine com precisão a doença”, revelou.
A criadora e representante da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM), Sophia Oliveira, explicou que um dos entraves é o fato de haver pouca pesquisa sobre o Mormo no Brasil, porque os recursos são escassos. “Ainda não conhecemos nosso rebanho de equídeos com a precisão necessária para a correta aplicação e interpretação dos testes diagnósticos utilizados pelo MAPA. Estes, por sua vez, não tiveram seus estudos de validação levados para termos, na população a que se destinam, fora dos laboratórios, dados fundamentais para que se construam os estudos epidemiológicos sobre o Mormo”, ressaltou.
O presidente executivo do Instituto Brasileiro de Equideocultura (IBEqui), Manuel Rossitto, defende a continuação do diálogo em relação à doença e olha para frente: “Precisamos trabalhar juntos na criação de uma política do Mormo, para assim balizar as políticas públicas que levariam a uma legislação, assim buscando o melhor para a cadeia produtiva”.
Sophia Oliveira concorda e conta que caso a discussão não continue a evoluir, quem acaba perdendo é a cadeia produtiva do cavalo. “Em vista de todas essas incertezas e vulnerabilidades da atual política sanitária, quem perde é toda a cadeia produtiva da Equideocultura, que tem enorme importância socioeconômica, e perde o país”, completou.
(Extraído do website do Instituto Brasileiro de Equideocultura, em publicação de 22 de julho de 2021)