Os 35 anos da Copa dos Criadores
Festival destinado ao congraçamento dos turfistas brasileiros, e ao fomento do cavalo PSI criado no país, a Copa dos Criadores atravessa gerações rumo à sua quarta década de existência.
Em 1985, a extinta Associação Nacional de Proprietários de Cavalo PSI (ANPC) deu início a um projeto que carregava, em sua essência, a própria função da entidade: o fomento do turfe brasileiro, por meio de páreos dotados de expressivas premiações. No decorrer dos anos, a ideia refletiu-se num dos mais celebrados momentos do calendário hípico brasileiro, que ruma para o seu quadragésimo ano de realização. Eis a Copa dos Criadores.
Em seu ano de batismo, o festival consistiu na disputa de duas corridas: uma em 2.000 metros, em São Paulo, e outra na distância dos 1.400 metros, no Rio de Janeiro. Na prova principal, destinada aos meio-fundistas, vitória de Kew Gardens. Em solo carioca, prevaleceu Amir-El-Arab.
Tal qual ocorrido no festival da Breeders’ Cup (iniciado em 1984, propunha um modelo itinerante de disputas, alternando o hipódromo sede a cada ano), a Copa ANCP foi sediada pela Gávea no ano seguinte. Na mesma ocasião, a entidade organizadora alterou o formato do seu festival, que passou a contar, além da Copa ANPC Clássica (estendida para os 2.400 metros, na grama), com a Copa ANPC Éguas (em 2.000 metros, na grama), com a Copa ANPC Milha (em 1.600 metros, na grama) e com a Copa ANPC Velocidade (em 1.000 metros, na grama).
Foi em 1986 que Bat Masterson, ao quebrar a série hegemônica de Grimaldi (segundo colocado) obteve a primeira das duas vitórias (a outra, em 1988) na Copa ANPC Clássica. Um ano depois, a dramática disputa envolvendo Oferu Bird, Corto Maltese e Radgnage (vitória do primeiro) marcou, sobremaneira, o imaginário do turfista brasileiro.
Em 1989 e 1990 foram adicionadas ao meeting, respectivamente, a Copa ANPC Areia I (em 1.400 metros) e a Copa ANPC Areia II (em 2.000 metros). O festival, portanto, ingressou nos anos 1990 sendo composto por 6 corridas e seguiu sendo marcada por êxitos de expressivos animais. Dentre eles, Falcon Jet, vitorioso na Clássica, em 1990; Griffe de Paris, ganhadora da ANPC Éguas, em 1991; e Sandpit, ganhador da Clássica, em 1993.
Outro momento marcante, na linha do tempo, corresponde à versão de 1994 da jornada da ANPC, na qual Matias Machline passou a batizar a prova central do festival. A homenagem, realizada pouco após o sentido passamento do titular do Haras Rosa do Sul, foi brindada com a memorável chegada protagonizada por Fantastic Dancer (ganhador, no fotochart, em recorde) e Much Better. Na mesma edição, Mensageiro Alado obteria a primeira das suas duas vitórias (a segunda, em 1996) na Copa ANPC Velocidade.
Múltiplo ganhador de G1, reprodutor e avô materno clássico, Quinze Quilates bisou, na Copa ANPC Clássica Matias Machline, em 1996, a vitória que havia, recentemente, conquistado no GP Brasil. O mesmo ocorreu com Jimwaki, em 1997.
Ao final da década, retornou-se para o modelo de 4 provas (fundistas, éguas, milheiros e velocistas). Logo em seguida, a ANPC restou extinta, de modo que a realização da Copa dos Criadores passou à tutela da Associação Brasileira dos Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida (ABCPCC). Até o ano de 2004, o festival foi mantido nos padrões então arquitetados. Em 2005, todavia, um novo formato foi implementado.
As Taças de Prata (disputadas, desde 1973, com sede fixa, em São Paulo), também órfãs de sua entidade criadora (Sociedade de Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida de São Paulo) foram incorporadas à Copa dos Criadores, que deixou de contar com as provas de éguas e milheiros. Além disso, a prova central do festival voltou a ser disputada em 2.000 metros, na grama. Permaneceu, contudo, a disputa dos velocistas, que, a partir de 2012, teve agregado, ao seu título, o nome de Mário Belmonte Moglia, fundador do Haras Fronteira.
No ano de 2010, como forma de maior integração da Copa dos Criadores, a nível nacional, implementou-se a disputa da Copa ABCPCC Regional – alternada, ano a ano, entre Paraná e Rio Grande do Sul.
Nessa nova fase, a Copa dos Criadores manteve sua vocação de consagrar animais de campanhas destacadas, bem como revelar, nas Taças de Prata, nomes que galgariam posição expoente, nos meses e anos subsequentes à disputa. Top Hat (2006), Smile Jenny (2009) e Universal Law (2015) brilharam na “Clássica Matias Machline”. New Hampshire (2006), Pippa (2012) e Wenzel Blade (2016) emplacaram suas marcas na “Velocidade Mário Belmonte Moglia”. Celtic Princess (2007), Old Tune (2011) e Daffy Girl (2015) levantaram a Taça de Prata de Potrancas. Na Taça de Prata dos Potros, inesquecíveis conquistas de Quick Road (2006), Cash do Jaguarete (2017) e de Não Da Mais (2019).
Por fim, em 2019, a ABCPCC deliberou e submeteu à crítica da comunidade turfística brasileira, o novo regulamento da Copa dos Criadores. A partir de 2021, o festival, além das suas atuais 4 provas (Clássica Matias Machline, Velocidade Mário Belmonte Moglia e as Taças de Prata em homenagem a Margarida Polak Lara e João Adhemar de Almeida Prado) retomará os páreos destinados às éguas e aos milheiros. Haverá, ainda, uma disputa na distância da milha, em pista de areia. Tudo isso, sem prejuízo da realização satélite da Copa ABCPCC Regional.
(Matéria publicada, originalmente, no Anuário de reprodutores do Brasil 2020, editado pela Editora Jequitibá)