Pedigree & Black Type: os Ganhadores Clássicos no Brasil - 3ª Edição
Nesta semana: Ziska Blade, Karol King, Eron do Jaguarete, Surprising e Be Better.
Desde a última publicação de Pedigree & Black Type: os Ganhadores Clássicos no Brasil, outras 5 provas clássicas foram disputadas, nas pistas nacionais.
Ziska Blade - Clássico Thomaz Teixeira de Assumpção Junior (L) – 1.200m/areia – Éguas de 3 e mais anos – Cidade Jardim.
Ziska Blade (criação do Haras Ponta Porã e propriedade do Haras Gentil) é exemplar da última geração do nacional Blade Prospector (Music Prospector e Met Blade, por Restless Jet), que, em campanha, obteve 10 vitórias, entre Brasil e Estados Unidos. No país natal, Blade Prospector venceu o Clássico Dante Marchioni (L) e chegou a se tornar recordista, na areia, em Cidade Jardim. Nos Estados Unidos, venceu o Berkeley Handicap (G2) e escoltou o ótimo Kona Gold – ganhador da Breeders’ Cup Sprint – no San Carlos Handicap (G1).
Como garanhão, no Brasil, Blade Prospector marcou época, principalmente no ramo da velocidade. Nas canchas retas, deu origem a inúmeros ganhadores das maiores provas do segmento, como West By East, tido, por muitos, como o melhor “penqueiro” de todos os tempos. West By East, atualmente, presta-se à função de reprodutor, a exemplo daquele que foi o melhor filho de Blade Prospector, nos hipódromos oficiais: Wenzel Blade. O tordilho protagonizou o raro – e difícil – doublé nos Grandes Prêmios ABCPCC (G1) e Major Suckow (G1).
Ziska Blade é filha da matriz Natla (Joyeux Danseur), importada no ventre de sua mãe, Jaloux (Quiet American), pelo Haras Santa Maria de Araras. Natla também produziu Vanua Levu (Wild Event), múltipla ganhadora clássica e segunda colocada no GP OSAF (G1), em Cidade Jardim. Vanua Levu, por sua vez, é mãe de Grandeza (Put It Back), ganhadora do GP Henrique Possolo (G1), e de Hummer (Put It Back), postulante à vitória no GP Estado do Rio de Janeiro (G1), do próximo domingo.
A quarta mãe de Ziska Blade, Hattab Gal (Al Hattab) produziu o ganhador do Donn Handicap (G1), Sea Cadet. Já a quinta, Forest Princess (Fleet Nasrullah), além de Hattab Gal, produziu Loving Touch (Majestic Prince), por sua vez mãe da ótima Caressing (Honour And Glory), vencedora da Breeders’ Cup Juvenile Fllies (G1) e genitora de West Coast (Flatter), múltiplo ganhador de G1 e atualmente garanhão na Lane’s End Farm.
Inbreedings de Ziska Blade: Mr. Prospector (4x5), Raise A Native (5x5) e In Reality (5x5) – Família 9-f.
Karol King – Grande Prêmio 25 de Janeiro (G2) – 2.000m/areia – Éguas de 3 e mais anos – Cidade Jardim
O pai de Karol King, Rock of Gibraltar (Danehill e Offshore Boom, por Be My Guest) encerrou o ano de 2002 enquanto dono do rating mais alto do mundo, após vencer 7 provas de G1 consecutivas. Na reprodução, ultrapassou a marca de 15 ganhadores individuais de graduação máxima, entre hemisfério norte e hemisfério sul. No Brasil, destacou-se por Gibraltar Point, dual G1 winner, e Quarteto de Cordas, vencedor do GP Brasil (G1).
Mãe de Karol King, Sagacita (Redattore), que, em campanha, argolou diversas colocações clássicas, incluindo em prova de G1, já havia produzido a ganhadora de G2, Mandinga. A segunda mãe, Sarada (New Colony), deu à luz Salto Olímpico (Holy Roman Emperor), vencedor do GP Jockey Club de São Paulo (G1) e posteriormente exportado para Hong Kong. A terceira, Sweet Mind (Baligh), produziu os arenáticos, múltiplos ganhadores clássicos, Starman (Trempolino) e Sixteen Tons (Pioneering).
E na condição de quarta mãe de Karol King, surge a maior joia da criação São José da Serra, em todos os tempos: Sweet Honey (Egoísmo), uma múltipla ganhadora de G1 e igualmente múltipla produtora de G1. A alazã de Sérgio Meneses é uma das mais profícuas reprodutoras da história da criação nacional, operando, ainda, como avó materna, terceira e quarta mãe de inúmeros ganhadores clássicos. Trata-se de linha materna importada da França, pelo Haras Ipiranga, na década de 1950, por meio de Portoire (Priam).
Inbreedings de Karol King: Northern Dancer (4x4), Buckpasser (5x5), Prince John (5x5) e Ramussen Factor em Natalma (5x5x5) – Família 8-f.
Eron do Jaguarete – Grande Prêmio Linneo de Paula Machado (G3) – 2.000m/grama – Produtos de 3 e mais anos (Seletiva para o GP Latinoamericano) – Cidade Jardim
O pai de Eron do Jaguarete, Kodiak Kowboy (Posse e Kokadrie, por Coronado’s Quest), é um norte-americano, de 11 vitórias em 23 saídas. Venceu, dentre outros, o Carter Handicap (G1), o Vosburgh Stakes (G1) e a Cigar Mile (G1), recebendo o Eclipse Award de Champion Sprinter no ano de 2009. Ingressou na reprodução, em 2010, e antes de vir ao Brasil deixou, nos Estados Unidos, o ganhador do Santa Anita Handicap (G1), Melatonin, o ganhador de G3, Shotgun Kowboy e o múltiplo ganhador clássico, em Dubai, Cool Cowboy.
No Brasil, destaca-se pelo arenático, múltiplo ganhador clássico, Gogo Boy; pela ganhadora do Grande Prêmio Diana (G1), Duty do Jaguarete; pela múltipla ganhadora de listed, entre Brasil e Uruguai, Wild Vip; e por Madame Indy, que vem se obtendo ótimos resultados entre os velocistas, em pista de areia, no Rio de Janeiro.
Tendo encerrado campanha sem vitória, após 4 saídas, Cineasta (Amigoni) originou a já mencionada Duty do Jaguarete, e agora ganha relevo em razão das conquistas de Eron do Jaguarete. Sua mãe, Bella Cy, figura como um dos mais emblemáticos produtos do Haras Cifra. Além de ser filha do garanhão da Família Frare, Belo Colony (New Colony), Bella Cy foi vencedora de listed e na reprodução deu à luz, dentre outros animais, Alta Vista.
Melhor exemplar do irlandês Amigoni, Alta Vista foi múltipla ganhadora de G1 (faltou-lhe apenas o GP Henrique de Toledo Lara (G1) para a conquista da tríplice coroa, em São Paulo) e produziu Hembra (Forestry), a exemplo da mãe, primeira colocada no GP Barão de Piracicaba (G1). Atualmente, Hembra encontra-se cheia de Tiger Heart, devendo parir, seu primeiro filho, no segundo semestre de 2020. Bella Cy é o principal destaque da produção norte-americana Caro’s Image (Caro), importada pelo Haras do Verde Vale, para o Brasil, nos anos 90.
Inbreedings de Eron do Jaguarete: Mr. Prospector (5x5) e Northern Dancer (5x5) – Família 7-a.
Surprising – Grande Prêmio Presidente Hernani Azevedo Silva (G2) – 1.600m/grama – Éguas de 3 e mais anos – Cidade Jardim
Pai de Surprising, First American (Quiet American e In Jubilation, por Isgala) desenvolveu campanha nos Estados Unidos, seu país natal, onde obteve duas vitórias – incluindo o Flamingo Stakes (G3) – em 13 saídas. Importado para o Brasil, pelo Stud TNT (seu criador e então proprietário), First American – ainda que sem receber, principalmente sob o ponto de vista quantitativo, oportunidades à altura – foi capaz de gerar ganhadores clássicos dos 1.000 aos 3.000 metros. Múltiplo ganhador de G1, incluindo o GP São Paulo, e atualmente reprodutor (pai de black type winner), Timeo talvez tenha sido o principal expoente de sua produção. Além dos filhos e filhas, First American – desaparecido em 2017 – vem revelando-se eficiente avô materno, como, por exemplo, dos ganhadores de G1 Braço Forte e Silence Is Gold.
Licca-Chan, a mãe de Surprising, pertence à primeira geração do exímio produtor de velocidade, Tiger Heart. Em campanha, a corredora revelou-se múltipla ganhadora clássica – incluindo G3, em São Paulo. Sua mãe, Colette (Burooj), firmou-se como destacada reprodutora do plantel do Haras Santarém, ao produzir outros 3 ganhadores clássicos, além de Licca-Chan, incluindo Oggigiorno (Pioneering), dono de campanha extensa e essencialmente clássica, em Maroñas.
A terceira mãe de Surprising, Beautiful Rafaela, foi uma Alleged importada dos Estados Unidos, pelo Haras J. B. Barros, na década de 1990. Além de Colette, produziu o ganhador de listed, na Gávea, Fiorentino (Inexplicable). Em sua linha materna, carrega um dos mais bem sucedidos ramos semeados por Ogden Phipps. A quarta mãe de Beautiful Rafaela, Baby League (Bubbling Over), sem prejuízo de ter produzido o Cavalo do Ano nos Estados Unidos, em 1945, Busher, também se firmou como excelente matriarca, a partir da qual surgiram animais como Effervescing (conhecido, sobremaneira, dos brasileiros), Mineshaft, Numbered Account e Smarty Jones. Baby League, por sua vez, tem como mãe ninguém menos que La Troienne (Teddy), a francesa, criada por Marcel Boussac, que é reputada como a mais importante reprodutora PSI do século XX.
Inbreedings de Surprising: Dr. Fager (5x5) – Família 1-x.
Be Better - Clássico Antonio Carlos Amorim (L) – 1.600m/grama – Éguas de 3 e mais anos - Gávea
Além de Be Better, pai de Abu Dhabi e Qaqui, que venceram as outras duas provas de chamada nobre, no domingo passado, na Gávea, Agnes Gold, dentre outros ganhadores clássicos, produziu, até aqui, 5 vencedores de G1. Na iminência de estrear nos Estados Unidos, o super craque Ivar ganha destaque no seu rol de filhos. Ele deixou a Argentina na condição de líder invicto, da geração 2016, com direito a duas vitórias facílimas, no Gran Criterium (G1) e na Carrera de Las Estrellas Juvenile (G1).
Ganhadora da versão paulista do Grande Prêmio Diana (G1), Energia Fribby é outro chamariz, da produção de Agnes Gold. Ao vencer a Betfair Stand Cup (L), em Chester, no ano de 2014, Energia Fribby tornou-se o primeiro PSI brasileiro a vencer black type na Inglaterra.
Dona de 3 vitórias em provas comuns, Beats Me (Yagli), a mãe de Be Better, produziu, também, Betting Site (Pounced), detentora de colocações em listed, G3, G2 e G1. Beats Me descende da francesa Belle Bohemienne (Trempolino), importada pelo Haras Interlagos, no início dos anos 2000. Nessa linha consta Luth de Saron (Luthier), a quarta mãe de Be Better, que, ganhadora de G2 e múltipla produtora clássica, “chegou” ao Brasil, nos anos 90, por meio de seu ilustre filho, Roi Normand (Exclusive Native). Luth de Saron é irmã materna, dentre outras, de Lyre de Saron, a segunda mãe do ganhador do Grande Prêmio São Paulo (G1), Sal Grosso (Our Emblem).
Inbreedings de Be Better: Northern Dancer (4x5x5) – Família 22-d.
por Victor Corrêa