Siphon: um marco do PSI brasileiro
Desaparecido, aos 28 anos, alçou o cavalo de corrida brasileiro a voos, até então, inimagináveis – tão inimagináveis, quanto seu pai: Itajara.
Na última semana, teve-se notícia do desaparecimento do reprodutor Siphon. Aos 28 anos, encontrava-se alojado no Haras Basano, em Cesário Lange/SP, local em que pode desfrutar da condição de pastor chefe por alguns bons anos. Sua colaboração e legado para o PSI brasileiro, contudo, vão muito além da função de garanhão.
A história de Siphon tem raízes em terreno fértil do classicismo nacional. O Haras São José Expedictus, no início dos anos 90, buscava emplacar, na reprodução, a sua mais recente joia: o tríplice coroado, invicto, de 1987, Itajara. Na temporada de monta de 1990, dentre as matrizes a ele enviadas, estava Ebrea, precedida por outras 5 éguas criadas, no Brasil, ao longo do século, pela Família Paula Machado. Do cruzamento, nasceu Siphon.
Num início avassalador de campanha, aos 2 anos, em Cidade Jardim, tornou-se o lídimo líder daquela geração, ao vencer grandes prêmios na areia e na grama – incluindo o G1 do GP Juliano Martins de 1994. Treinamento de José Martins Alves e conduções de Evandro Pacheco. Despediu-se do Brasil, aos 3 anos, vencendo o GP Presidente Antonio Correa Barbosa (gr.II). Na Argentina, finalizou em quarto, para Cheerful, no Gran Premio Nacional (gr.I) e acabou fora do marcador no Pellegrini vencido por Much Better.
No envio de Siphon para os Estados Unidos, optou-se pelas cocheiras de Richard Mandella. O californiano, que já havia recebido Romarin e Sandpit, também extraiu, a partir de Siphon, resultados que dificilmente ocupariam o imaginário do mais otimista turfista brasileiro. Em que pese a condição emergente, do PSI nacional, no início daquela década, em se tratando de Estados Unidos, seria difícil supor que haveria resultados, tão rapidamente, justamente no segmento mais seletivo do turfe norte-americano – quais sejam as corridas, no dirt e disputadas até os 2.000 metros.
E sequer houve chance para que se creditasse o sucesso de Siphon, no crème de la crème das corridas estadunidenses, à falta de bons adversários. O icônico Cigar, o vencedor da Breeders’ Cup Sprint (gr.I) Lit De Justice e o argentino (múltiplo ganhador de G1, entre seu país e Estados Unidos) Gentleman foram apenas alguns dos excelentes cavalos que estiveram pelo caminho de Siphon. No Santa Anita Handicap (gr.I), de 1997, o ápice de uma campanha talhada aos grandes feitos. Em Dubai, no mesmo ano, foi necessário um inspirado Singspiel, com percurso perfeito, para lhe parar.
Siphon não foi “apenas” o primeiro brasileiro a vencer G1 na concorrida pista de areia, dos Estados Unidos. Levado à reprodução, também tornou-se o primeiro PSI brasileiro, lá radicado, a produzir ganhadores de graduação máxima: Siphonic e I’m The Tiger.
Tendo retornado ao Brasil, pela primeira vez, em 2006 – ano em que serviu sob regime de shuttling – Siphon regressou, em definitivo, para o país natal, em 2010.