27 out 2017 | 21:13:00

Bal A Bali tem campanha encerrada: obrigado, campeão!

Apesar de pré-inscrito na Breeders’ Cup Mile, filho de Put It Back teve anunciada a sua aposentadoria das competições. Mítico dentro e fora das pistas, Bal A Bali escreveu seu nome como um dos melhores PSI já criados no Brasil, em todos os tempos.


Bal A Bali: campanha de números e feitos impressionantes

Imagem: João Cotta/Divulgação JCB

Setenta e duas horas após aparecer entre os inscritos na Breeders’ Cup Mile (gr.I), Bal A Bali, 7 anos, filho de Put It Back e In My Side (Clackson), de criação do Haras Santa Maria de Araras, teve anunciada a sua aposentadoria das competições. Jeremy Balan trouxe a informação em notícia publicada nesta sexta-feira (27), no website da Blood Horse.

“Nós tentamos trazê-lo de volta ao seu ápice. Ele teve problemas desde que chegou aqui, lidou com eles e teve sucesso. Sucesso além das expectativas”, declarou Richard Mandella, atual treinador de Bal A Bali, à reportagem da Blood Horse.

A notícia representa o virar de páginas na história de um dos mais fantásticos cavalos já criados no Brasil, em todos os tempos. No dia 2 de fevereiro de 2013, Bal A Bali – então com 2 anos – estreou na Gávea vencendo uma eliminatória, em 1.000 metros, na grama, por avassaladores 8 corpos e ½. Ao êxito, seguiram outros dois: no Clássico José Calmon (L), em 1.300 metros na grama, e no Grande Prêmio Mário de Azevedo Ribeiro (gr.III), em 1.400m na raia de grama. A perda da invencibilidade ocorreu no Criterium do GP Conde de Herzberg (gr.II), em 1.500 metros, vencido por Farrier. Terceiro, Bal A Bali sentiu as canelas.

O retorno aos 3 anos deu-se em setembro, com fácil vitória na Copa Leilões JCB, em 1.600m na raia de grama. Igualmente disputados sobre os 1.600 metros na grama, o Clássico Ernani de Freitas (L) e o Grande Prêmio Julio Cápua (gr.III) marcaram as derradeiras apresentações do corredor em 2013, bem como precederam a mais massacrante, dentre todas as vitórias conseguidas por Bal A Bali, ao longo de sua carreira.

No Grande Prêmio Estado do Rio de Janeiro (gr.I), corrido no primeiro mês de 2014, Bal A Bali percorreu a milha em 1:31.36, tornando-se o novo recordista da distância, na Gávea, e abrindo 7 corpos e ½ sobre Baccelo (a exemplo de Bal A Bali, vencedor de G1 no país de origem e stakes winner nos Estados Unidos). O êxito ganhou as linhas de importantes veículos da mídia turfística internacional. Status de craque além dos mares.

Por ocasião da primeira atuação acima dos 1.600 metros, Bal A Bali contrariou aqueles que viam no aumento da distância um obstáculo de sua jornada. Em vitória tranquila, Bal A Bali prevaleceu nos 2.000 metros do Grande Prêmio Francisco Eduardo de Paula Machado (gr.I). Faltava, então, o Derby para a conquista da tríplice coroa. Eis que no dia 16 de março de 2014, ao assinalar 2:23.25 para a milha e meia na Gávea – e assim derrubar outro recorde – Bal A Bali venceu o Grande Prêmio Cruzeiro do Sul (gr.I) e se juntou a Talvez, Criolan, Timão, Quiproquó, Escorial, African Boy, Old Master, Itajara, Groove, Super Power e Plenty of Kicks na condição de 12º tríplice coroado do turfe fluminense.

Inevitáveis, os ventos da exportação prometiam, desde logo, encaminhar a fabulosa embarcação para outros mares. Para deleite dos aficionados locais, porém, ainda houve tempo para que Bal A Bali confirmasse sua poule “de dez” no Grande Prêmio Brasil (gr.I) de 2014. Foi a despedida perfeita para aquele que tantas alegrias levou a Dulcino Guignoni (e equipe), Vagner Borges, Haras Santa Maria de Araras e Stud Alvarenga – sem prejuízo, é claro, dos inúmeros torcedores do craque.

Adquirido por uma sociedade firmada entre a Fox Hill Farms e Siena Farm, Bal A Bali tomou o rumo dos Estados Unidos no segundo semestre de 2014. Credenciado a competir na Breeders’ Cup Turf (gr.I) do mesmo ano, o brasileiro, todavia, precisou enfrentar, logo no desembarque, o mais difícil páreo de sua vida. Acometido por laminite – o tão temido “aguamento”, do linguajar leigo – Bal A Bali encampou uma batalha que perdurou de agosto a setembro daquele ano. Nos bastidores, os novos proprietários do animal – bem como os diversos profissionais envolvidos na empreitada – custearam e tornaram realidade um trabalho de proporções cinematográficas.

Em maio de 2015, quase um ano após a vitória no GP Brasil, Bal A Bali estreou nos Estados Unidos. Vitória fácil para ele no American Stakes (gr.III), disputado em Santa Anita Park. Bal A Bali chegou a vencer, na sequência, um allowance em Del Mar, além de obter diversas colocações em provas de G3, G2 e G1. Era inconteste, todavia, que o castanho estava longe da velha forma, de competidor imbatível, em muito debilitada pela laminite. Pouco depois de fechar a raia na Gold Cup (gr.I), em junho 2016, Bal A Bali apareceu no book de reprodutores da Calumet Farm, cotado, então, para iniciar a carreira de garanhão em 2017. Um final algo melancólico para uma campanha de tantos feitos e de tamanha superação. Felizmente, quiseram os deuses do esporte, dar um novo sopro de vida à carreira do animal – e ele não decepcionou.

Mantido em treinamento, Bal A Bali reapareceu somente em março de 2017. Numa conquista até certo ponto surpreendente, o campeão venceu o Frank E. Kilroe Mile Stakes (gr.I), em 1.600m na raia de grama, quando de sua primeira aparição em defesa da farda da Calumet Farm. Quinto – sobre um verdadeiro charco, em Churchill Downs – no Woodford Reserve Turf Classic Stakes (gr.I), Bal A Bali retornou à Califórnia para conquistar o segundo G1 nos Estados Unidos: então na Shoemaker Mile (gr.I), disputada no mês de junho, em Santa Anita. Depois de tantas reviravoltas, nem mesmo a sexta colocação no Del Mar Mile Handicap (gr.II), do último dia 20 de agosto, foi capaz de ofuscar o heroísmo de Bal A Bali – já, visivelmente, longe de seus melhores aprumos. A pré-inscrição na Breeders’ Cup Mile chegou a animar aqueles que faziam questão do último aceno ao campeão. Mas ele não precisava provar mais nada a ninguém. Fez-se eterno na memória, nos replays e fotografias, que rodaram o mundo estampando o equino de físico pouco chamativo – mas cujo coração encantou a todos, por onde passou.

Ainda não há notícia do valor da cobertura de Bal A Bali em sua temporada inicial, na reprodução. Àqueles que desejarem lhe confiar uma chance, todavia, Bal A Bali apresentará o seguinte cartão de visitas:

26 corridas

15 primeiros lugares (conquistados dos 1.000 aos 2.400 metros)

6 vitórias em provas de G1

2 recordes batidos

1 tríplice coroa

US$ 1.258.268,00 em prêmios

 

Obrigado, Bal A Bali!

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