04 ago 2017 | 21:34:44

Classicismo no nome e na essência: uma ode a Matias Machline

Chegadas emocionantes, derrotas improváveis e muitos, muitos craques no currículo. Assim se conta a história da Copa ABCPCC Clássica Matias Machline (gr.I).


Oferu Bird (centro): da vitória à exaustão, numa chegada épica

Imagem: Revista Turf & Fomento

Quando de sua instituição, na década de 1980, pela extinta Associação Nacional dos Proprietários de Cavalos (ANPC), a chamada Copa Clássica, que anos mais tarde foi rebatizada com o nome de Matias Machline, despertou, por certo, expectativas das mais diversas. Difícil seria supor, todavia, que a sua disputa renderia, aos turfistas brasileiros, momentos de tamanha especialidade. Hoje fazendo as vezes de prova central da Copa dos Criadores ABCPCC, a Copa ABCPCC Clássica Matias Machline (gr.I), além da vultosa premiação – aproximadamente R$ 400 mil – vai além das cifras e do status de G1: o classicismo do PSI brasileiro, que se confunde com o próprio nome da prova, sustenta-se enquanto o seu maior legado.

Tudo começou com Kew Gardens, na edição inaugural de 1985, no Hipódromo de Cidade Jardim. O defensor do Stud Topazio, também ganhador da Milha Internacional na Gávea, restaria sucedido na ordem de ganhadores por Bat Masterson, que começou a escrever em 1986 a história do primeiro bicampeonato do páreo, concretizado 2 anos depois, em 1988. Entre o double do corredor do Haras Santa Ana do Rio Grande, porém, houve tempo para uma das chegadas mais eletrizantes da história do turfe brasileiro. Oferu Bird doou-se com tamanha intensidade para superar Radnage e Corto Maltese, que após o disco de chegada o alazão do Haras Malurica desabou, numa crise de exaustão. Numa temporada dominada por Troyanos, Levron reuniu forças para render a primeira vitória no páreo à criação dos Paula Machado, no ano de 1989.

No troco dado em Flying Finn, após o revés no GP Brasil (gr.I) daquele ano, Falcon Jet fez da ANPC Clássica de 1990 parte de sua extensa prateleira de conquistas. O mesmo Falcon Jet, aliás, que passou muito perto do bicampeonato em 1991, não fosse o brio de Ramirito (guarde esse nome!), um Clackson por excelência. Em 1992, o múltiplo ganhador de G1 no eixo Rio-São Paulo, April Trip emplacou sua categoria naquela que seria a última vitória de sua campanha. Embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Sandpit esbanjou categoria na pista de grama, em Cidade Jardim, no ano de 1993.

Fantastic Dancer derrota Much Better no fotochart: homenagem à altura de Matias Machline

Imagem: Revista Puro Sangue Inglês

Em 1994, pela primeira vez se disputou a cobiçada prova sob a alcunha do patrono do Haras Rosa do Sul. Não haveria debut melhor para a homenagem a Matias Machline, frise-se, do que a chegada contemplada no Hipódromo da Gávea. Fantastic Dancer, do Haras Kigrandi, venceu, em recorde e no fotochart, a ninguém menos que Much Better – que vinte dias antes havia competido no Prix l’Arc de Triomphe (gr.I), na França. A sina do craque do Stud TNT persistiu em 1995, quando Much Better figurou como mero coadjuvante num dia em que o protagonismo foi todo de Mr. Fritz. Repetindo a vitória conquistada no GP Brasil (gr.I), Quinze Quilates superou a valente Oriental Flower na versão 1996 do páreo, disputada no Hipódromo da Gávea. Outro ganhador da prova máxima nacional, Jimwaki confirmou amplo favoritismo em 1997 para, meses mais tarde, brilhar como herói brasileiro no Gran Premio Latinoamericano (gr.I), disputado em San Isidro. Fool Around, de ponta a ponta, se impôs na edição de 1998. Teeran, na tocada inconfundível de Juvenal Machado da Silva, encerrou o histórico do páreo nos anos 90.

Padrão de regularidade e qualidade, Severado levou a melhor – debaixo de muita chuva – no ano 2000. Atropelador nato, Trancaferro conquistou no Matias Machline de 2001, em Cidade Jardim, quando da primeira edição do páreo corrido sob a responsabilidade da ABCPCC, após a incorporação, na entidade, da ANPC. Em 2002, Lord Marcos largaria e acabaria, inalcançável, de um extremo ao outro do páreo – numa prévia do que faria, um ano depois, no GP Brasil (gr.I). Numa história típica da magia turfística, Itsbestand vingou as derrotas sofridas pelo pai, Much Better, ao conquistar o troféu em 2003. Um ano depois, Thignon Boy delizou, soberano, no gramado carioca – a exemplo do que havia feito, pouco antes, no GP Brasil (gr.I).

Para o ano de 2005, a Copa dos Criadores sofreria grande reformulação. O páreo central do festival passou a ser disputado no mesmo meeting das Taças de Prata, além do G3 de velocidade. Com expressivas dotações, o festival restou antecipado, de outubro para junho, e o Matias Machline, por sua vez, retornou à distância dos 2.000 metros – a exemplo do ocorrido na sua primeira edição. Àquele ano coube a Evil Knievel, figura carimbada nas principais provas de fundo, e meio-fundo, da chamada nobre nacional, conquistar o primeiro posto na Clássica.

Numa exibição de tirar o fôlego, Top Hat correu os 2.000 metros na grama, em Cidade Jardim, na marca de – impressionantes – 1:56.29, para vencer o páreo no ano de 2006. Aventou-se, inclusive, a possibilidade do tempo assinalado corresponder ao recorde mundial da distância. Em 2007, a Copa dos Criadores retornou ao Rio de Janeiro, em data cuja principal estrela atendeu pelo nome de Quatro Mares. Novamente de ponta a ponta, Top Hat reviveu Bat Masterson e se tornou, em 2008, o segundo bicampeão da Copa ABCPCC Clássica. Pouco tempo depois, o alazão do Stud JCM se sagraria herói no GP Brasil (gr.I) – quando as atenções voltavam-se, em maior parte, para o faixa Quick Road.

Smile Jenny, à la Zenyatta, desbancou os machos em 2009

Imagem: Gérson Martins

No mesmo ano de 2009, em que Zenyatta tornou-se a primeira égua a vencer a Breeders’ Cup Classic (gr.I), Smile Jenny fez-se a primeira de seu sexo a prevalecer na Copa ABCPCC Clássica Matias Machline. Em 2010, Gallahad, filho do nacional Hard Buck, viu-se elevado à primeira colocação após a desclassificação de Too Friendly, que por sua vez voltaria a Cidade Jardim, no ano seguinte para vencer, daquela feita sem qualquer desqualificação. Ainda amargando uma desastrada reta final no GP São Paulo de 2012, Dídimo encontrou na Copa ABCPCC Matias Machline o caminho das pedras para, além de vencer seu primeiro G1, alcançar sua melhor forma para o êxito no GP Brasil, de meses mais tarde. Envergando a farda do Haras Rosa do Sul, Carlos Lavor conduziu Poker Face à vitória no ano de 2013, ao passo que Beach Ball entrou para a história como outra atrevida fêmea da criação Araras, ao desbancar os machos no ano de 2014.

Neto do já citado Ramirito, Universal Law venceu, com ampla facilidade, a Copa ABCPCC Clássica no ano de 2015. Por fim, Frisson atropelou com a gana de seus melhores dias, para obter o primeiro posto em 2016. Frisson, aliás, poderá reeditar as façanhas de Bat Masterson e Top Hat, vez que o defensor do Stud New Generation, criado pelo Haras Santa Camila, participará, amanhã, do seu terceiro Matias Machline consecutivo. Em seu caminho, lote da mais alta qualidade, a começar pela tríplice coroada No Regrets, que rendeu aquém do esperado no GP Brasil e agora tenta a reabilitação cercada de possibilidades. Derby winner carioca, Emperor Roderic vem de finalizar em terceiro para Voador Magee e aciona no grupo dos mais visados do lote. High Chris, Demon Master, Gargalo’s Hill’s, Huber, New In Town e Olympic Gameboy também estão no páreo.

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