Criação: oitenta coberturas esperam por Daniel Boone na Argentina
Logo em sua primeira temporada de monta, candidato a sucessor de Wild Event poderá chegar a uma centena de serviços no país vizinho
Em tempos de uma necessária reflexão sobre a subutilização do reprodutor brasileiro, o Haras Santa Maria de Araras dá início a um audacioso "projeto" na contramão do que se passa em outros tantos centros criatórios. Um dos melhores corredores da farda nos últimos anos, e candidato a suceder seu pai, Wild Event, Daniel Boone cobrirá nada menos que 80 éguas pertencentes à coudelaria na Argentina - sem prejuízo da comercialização de suas coberturas com terceiros, que poderão fazê-lo alcançar a incrível marca de 100 montas logo em sua temporada de estreia na reprodução.
"O Daniel Boone cobrirá 80 éguas do Haras Santa Maria de Araras, em Mar del Plata. Mas nada impede que esse número seja maior por conta de coberturas que outras pessoas venham a adquirir", informa Joaquin Lopez de Alda, veterinário do estabelecimento criatório.
O profissional explica, ainda, que o pai de Daniel Boone, Wild Event (que chegou a servir na Argentina), por outro lado, agora permanece no Brasil - também por conta de sua idade mais avançada. "O Wild Event já é um cavalo de 24 anos, o que não permite mais uma rotina frequente de viagens. Assim, ele fica por aqui", concluiu sobre o semental radicado em Bagé, no Rio Grande do Sul.
Importado em 2002 pelo Haras Santa Maria de Araras, Wild Event viria a se revelar o mais bem sucedido garanhão já incorporado ao plantel do haras, em sua história. Até aqui, o tetracampeão do Troféu Mossoró de "melhor reprodutor" produziu nada menos que 20 ganhadores individuais de G1 - levando em consideração, apenas, a sua produção brasileira. Ainda assim, somente nos últimos anos é que criadores vêm se voltando à necessidade de selecionar filhos de Wild Event capazes de dar sequência ao padrão genético do pai, quando este faltar.
Precocemente desaparecido, Fluke surgia com grandes possibilidades de fazê-lo, tendo, todavia, deixado apenas uma geração em vida. Agora, a missão de suceder a Wild Event cabe a animais como Poker Face, Tônemaí, Brujo de Olleros (Uruguai) e Daniel Boone (Argentina).
Primeira "cria" da norte-americana Bia Don't Cry (Street Cry), e tendo como sua quinta mãe ninguém menos que Gold River (Riverman) - ganhadora do Prix l'Arc de Triomphe (gr.I) de 1981 -, Daniel Boone, que pertence à geração 2012, competiu por 10 vezes para obter 6 primeiros lugares. Sendo sua principal conquista, em pista, o GP Francisco Eduardo de Paula Machado (gr.I) de 2016, Daniel Boone venceria, ainda, o Clássico Ernani de Freitas (L) e a Prova Especial Roi Normand, sem prejuízo de um segundo lugar no Gran Premio Latinoamericano (gr.I), vencido por Some In Tieme, na Gávea.