28 jun 2023 | 21:26:50

Ecos de Royal Ascot

Principal festival do turfe britânico foi emblemático para alguns de seus mais conhecidos personagens, reafirmou dominâncias e apresentou nomes interessantes às principais disputas do calendário europeu.


Dettori e Courage Mon Ami: o retrato definitivo do Royal Ascot 2023.

Imagem: Sporting Life

Um dos principais templos do turfe mundial, o hipódromo de Ascot recebeu, na última semana, o seu maior festival turfístico. Com corridas que se estenderam de terça-feira a sábado, o prado britânico serviu de palco à versão 2023 do Royal Ascot, ao longo do qual foram disputadas nada menos que 22 provas black type.

Não fugindo à sua tradição, o Royal Ascot deste ano foi marcado por disputas emocionantes e muito significativas. Alguns de seus mais destacados personagens, novamente, marcaram presença e demonstraram, em pista, o motivo de seus nomes encontrarem-se listados ao lado dos melhores de todos os tempos, em suas respectivas classes.

No seu canto do cisne (haja vista a aposentadoria, que será concretizada ao final de 2023), Frankie Dettori fez em Ascot tudo aquilo que marcou sua relação com as corridas de cavalo, nos seus mais de 30 anos de profissão: levantou o público, conduziu a carruagem real na procissão de abertura e, principalmente, venceu. Ao despedir-se, em definitivo, do festival, o bridão italiano acumulava 81 vitórias no histórico do Royal Ascot.

“Foi engraçado, quando eu entrei no vestiário hoje, parecia que eu tinha 16 anos novamente. Quando você entra lá, parece que é um lugar atemporal. Você nunca se sente velho”, declarou Dettori à reportagem do The Mirror.

Assim, o jóquei encerrará sua carreira atrás, apenas, das 116 conquistas do lendário Lester Piggot. Ryan Moore, com 79 êxitos, ainda em atividade, poderá, em condições normais de temperatura e pressão, alcançar Dettori nos próximos anos.

Dettori venceu 4 provas, incluindo a – outrora principal corrida do festival – Gold Cup (G1), a bordo de Courage Mon Ami. Essa foi a nona vitória de Dettori na corrida disputada em 4.000m, por produtos de 3 e mais anos.

Se Dettori funciona como uma idiossincrasia do turfe internacional, em seu mais alto nível e no seu estágio mais globalizado (afinal de contas, fez-se figura presente à maior parte dos grandes meetings, mundo afora), o mesmo aplica-se ao treinador Aidan O’Brien. Chefiando as cocheiras da Coolmore, o irlandês de 53 anos tornou-se o recordista, dentre os operários de sua profissão, em vitórias obtidas no Royal Ascot.

Quando Paddington cruzou o disco em primeiro, no St. James’s Palace Stakes (G1), O’Brien alcançou sua 83ª vitória no Royal Ascot – superando as 82 do, também ativo, Sir Michael Stoute. Ao final da semana, Aidan somava 85 primeiros lugares – 26 anos após encilhar seu primeiro animal, naquele festival.

Estrelas das rédeas e cronômetros à parte, não faltaram – como manda o figurino – animais de alto padrão, assumindo o protagonismo nos momentos mais aguardados das jornadas.

Naquilo que se esperava ser um duelo de hora marcada, entre Modern Games e a fêmea Inspiral, eis que Triple Time “explodiu”, com um eventual de 33 por 1, no Queen Anne Stakes (G1, em 1.600m/grama, para produtos de 4 e mais anos).

No Prince of Wales’s Stakes (G1, em 2.000m/grama, para produtos de 4 e mais anos), o público aguardava por um embate entre Godolphin (com o seu Epsom Derby Winner, Adayar) e Coolmore (representada pelo cada vez melhor e favorito, Luxembourg). Na reta de chegada, quem roubou a cena, porém, foi Mostahdaf, um corredor da Shadwell que rendeu a Frankel a marca de 31 ganhadores individuais de G1. Na ausência de seu pai, Galileo, o garanhão da Juddmonte desponta, de maneira imparável, na proeminência dentre os reprodutores do Velho Mundo.

Raramente o turfe norte-americano passa despercebido, nas provas reservadas aos elementos da nova geração, em Royal Ascot. Desta feita, Crimson Advocate, uma Nyquist, levou a melhor – sobre outras 25 potrancas de 2 anos – no Queen Mary Stakes (G2, em 1.000m/grama). Ela havia vencido sua primeira corrida em Gulfstream Park, numa eliminatória disputada no dia 13 de maio.

Candidata à condição de principal estrela feminina de sua geração, na Europa, Tahiyra confirmou seu favoritismo, em meio às corredoras de 3 anos, que disputaram o Coronation Stakes (G1, em 1.600m/grama). A defensora de Aga Khan, que vinha de vencer a versão irlandesa dos 1000 Guinéus (G1) – após perder, em carreira sem nome, a prova correspondente disputada na Inglaterra – é aguardada, com grandes expectativas, agora, nos páreos abertos à participação de éguas – e, por que não, de cavalos – de mais idade.

Se na América do Sul, o criador e proprietário brasileiro Gilberto Sayão vive momento formidável com as operações do Stud Rio Dois Irmãos, no hemisfério norte, por meio da Bonne Chance Farm, as coisas não são diferentes. Criado pela coudelaria, nos Estados Unidos, King of Steel demonstrou ser elemento notoriamente diferenciado, ao levantar o King Edward VII Stakes (G2, em 2.400m/grama, para produtos de 3 anos) e confirmar a corrida de luxo (um segundo lugar) obtido no Epsom Derby (G1), 20 dias antes.


por Victor Corrêa

 

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