Em sua primeira semana, Borges busca seu lugar ao sol
Piloto brasileiro, que iniciou temporada em Hong Kong, conversou com a reportagem do website da ABCPCC.
Um dos principais valores das rédeas brasileiras, nos últimos anos, Vagner Borges deu início, nesta semana, a um novo desafio, em sua carreira. O bridão gaúcho vem experimentando seus primeiros dias enquanto jóquei radicado no turfe de Hong Kong.
“Graças a Deus todos me receberam muito bem, aqui em Hong Kong. Estou sendo muito bem tratado e realizando um sonho”, declara, satisfeito, o piloto.
Na última quarta-feira, sobre o dorso de Very Orange Sweet, Borges obteve sua primeira vitória. Daqui a dois dias vivenciará outro momento bastante especial: ele assinou a montaria de Super Oasis, no BWM Hong Kong Derby.
“Venho galopando e trabalhando (o Super Oasis). O cavalo encontra-se muito bem e encaro como uma grande oportunidade poder montá-lo num páreo dessa importância”, diz fazendo referência à tradicional corrida, disputada desde 1873.
Formado nas canchas retas do sul do país e revelado no turfe fluminense, Borges notabilizou-se, no Brasil, por meio de vitórias conquistadas desde o quilômetro (venceu os Grandes Prêmios Major Suckow (G1) e ABCPCC (G1)) até as distâncias clássicas (conquistou, igualmente, nos Grandes Prêmios Brasil (G1), São Paulo (G1) e Cruzeiro do Sul (G1)). O currículo versátil, portanto, permite que se adapte a ritmos de provas que, segundo ele, são uma mescla de “Rio de Janeiro e São Paulo”.
“O train de corrida, aqui, é interessante. Os primeiros metros costumam ter um ritmo bastante intenso. Isso me lembra do que temos no Rio de Janeiro. Já na metade do páreo, essa intensidade costuma cair, porque os jóqueis dosam suas montarias. Aí me lembra mais São Paulo. E no final das contas, você repara que os pilotos sempre buscam ganhar terreno. Os espaços entre os cavalos são mínimos, eles correm ‘colados’. Então, é preciso estar sempre atento. Corridas que você ganha no detalhe”, revela.
As corridas, porém, representam apenas a “cereja do bolo”, na rotina do atleta, que descreveu sua rotina iniciada, sempre, pelos matinais.
“Como um jóquei vinculado ao (Hong Kong) Jockey Club, eu fico à disposição, pela manhã, de todos os treinadores que queiram que eu galope um cavalo, ou trabalhe. Não tenho exclusividade ou restrição, com este ou aquele treinador. Depois, tenho o restante do dia para repousar, praticar e exercícios até que chegue a hora das corridas”.
Habitando imóvel localizado a apenas 2 minutos da raia de Sha Tin – localizado dentro do próprio hipódromo – Borges foi realocado num hotel, apartado da estrutura do hipódromo, para cumprir quarentena em meio à crise do coronavirus. Destacou, porém, que a rotina dos trabalhos e das corridas segue normal, apesar da ausência de público.
“O turfe é um dos esportes mais populares de Hong Kong. Então, quando houve todo o problema do coronavirus, decidiram realizar corridas sem a presença de público. No dia-a-dia, a rotina dos funcionários dos hipódromos e dos profissionais segue a mesma. Há algumas restrições e orientações para acessar os hipódromos, raias e tudo mais, mas sem que nossa rotina seja alterada”, explicou.
O piloto, por fim, não se furtou de mandar uma mensagem aos turfistas brasileiros.
“Se eu pudesse falar algo a você, neste momento, é para que nos cuidemos. Cuidemos da nossa saúde e tenhamos calma. Desejo que fiquem bem. Isso tudo vai passar”, concluiu.