Luiz Edmundo: um capitão a serviço do turfe.
Vitorioso dentro das pistas e atuante fora delas, Luiz Edmundo Barbosa deixou a vida – e fez o turfe brasileiro carente de um dos seus maiores entusiastas.
A noite desta quarta-feira (28) chegou plena de tristeza para o turfe brasileiro. Morreu, após combalida batalha contra o câncer, o advogado Luiz Edmundo Cardoso Barbosa. No universo do turfe, fadado à – agora – saudosa missão de levar adiante, os feitos e conquistas, de um mais do que vitorioso, Stud Capitão.
Contemporâneo – e admirador – dos lendários Narvik e Escorial, Luiz Edmundo foi presenteado pelo pai, ainda quando criança, com seus primeiros animais. Foi somente no final da década de 1990, porém, que deu início à empreitada da farda ouro, com ferraduras azuis.
A primeira grande guinada ocorreu quando adquiriu um lote do Stud New Campbell, então em liquidação. Dali surgiram os arenáticos Recollet e Favori, ambos ganhadores clássicos. Favori, além de ter vencido, por duas vezes, o GP Salgado Filho (gr.II), viria a se tornar o primeiro brasileiro a participar da Dubai Golden Shaheen (finalizou em décimo), a prova de velocidade do milionário festival de Dubai, no ano 2000.
Pouco depois do sucesso de Favori, Luiz Edmundo conquistaria sua primeira vitória de G1. Em fevereiro de 2001, Canzone levantou o Grande Prêmio Henrique Possolo (gr.I). Só não veio a tríplice coroa porque, pelo caminho, havia um fenômeno chamado Coray – a exemplo de Canzone, uma crioula dos Paula Machado, que viria a lhe superar nas duas etapas sequenciais. Livre de Coray (que permaneceu no Rio de Janeiro, para vencer o Derby, em recorde, para cima dos machos), Canzone alinhou no GP São Paulo (gr.I) daquele ano. Temperamental, empinou quando já encaixada no partidor. O jóquei, Alex Mota, reclamou substituição após cair do dorso da alazã. Dentre os pilotos aptos a assumir sua montaria, em questão de poucos minutos, um predestinado Ilson Correa. Canzone e o bridão (à época com apenas 17 anos), fizeram par perfeito e levantaram voo, rumo à vitória, em Cidade Jardim.
Ainda em 2001, o Stud Capitão viu despontar, numa mesma geração (nascida em 1998) dois líderes, na defesa de sua farda. Forever Buck venceu o GP ABCPCC (gr.I) e Capitão Bank o GP Conde de Herzberg (gr.II), rendendo, assim, as duas versões do Criterium ao Stud Capitão.
A rotina de conquistas expressivas, por parte dos defensores da farda, encontrou, no ano de 2002, aquele que talvez tenha sido o melhor dentre todos eles. No GP Major Suckow (gr.I) de 2002, Pico Central impressionou ao derrotar (com recém 3 anos completos) os melhores velocistas do país. Menos de 6 meses depois, o mesmo Pico Central alcançou, com louvor, a milha do GP Estado do Rio de Janeiro (gr.I), que conquistou, de ponta a ponta. Enviado aos Estados Unidos, rendeu a Luiz Edmundo, ainda, o troféu do San Carlos Handicap (gr.II). Adquirido por Gary Tanaka, deu sequência a uma campanha exitosa no turfe norte-americano, onde tornou-se o primeiro brasileiro a vencer provas de G1 em meio aos temidos velocistas e milheiros, especialistas na areia.
American Night, Brazov, Re Thong, By Spot, Alcomo, Cosi Bella e tantos outros continuaram, com o passar dos anos a representar, em alto nível, a farda do Stud Capitão. Do lado de fora das pistas, Luiz Edmundo seguiu adquirindo, construindo e empreendendo. No Centro de Treinamentos Brejal, localizado na serra fluminense, encontrou o lar definitivo para seus animais. Na missão de criador, investiu em Bagé e fomentou, desde longa data, a vinda de alguns dos mais valorizados garanhões que visitaram o Brasil, em regime de shuttle.
Cláudio Peixoto de Castro, Atílio Rocha, Jorge Poletti, Roberto Morgado Neto, Bruno Reis, Edson Celento dos Reis, Tiago Josué Pereira, José Roberto Taranto, Nelson Marinho, Alex Mota, Gilvan Guimarães, Christina Vieira, Paulo Henrique Lobo, Raul Rocha, Álvaro Castillo, Ilson Correa, Dendico Garcia Jr., Walter Flores, Darci Minetto. Vários foram os profissionais que emprestaram seu talento aos animais do Stud Capitão.
Nome de participação ativa junto a associações (incluindo a própria ABCPCC, da qual fazia parte enquanto associado bem como ocupou cadeira em seu corpo diretivo) e na seção social do Jockey Club Brasileiro, Luiz Edmundo participou de eleições, projetos “extra pista” e constantemente esteve envolvido junto a atividades que deveriam, ao menos na teoria, servir àquilo que sempre perseguiu: dias melhores para o turfe brasileiro.
A Diretoria da ABCPCC presta votos enlutados e uma singela homenagem à memória de Luiz Edmundo Cardoso Barbosa, seus familiares e amigos.
O velório está marcado para as 08h desta quinta-feira (29) e o sepultamento às 15h, na capela de número 2 do Cemitério Parque da Colina.