No Grande Prêmio São Paulo (G1), toda a magia de Kenlova
Pondo fim a um tabu de 23 anos sem a vitória de uma fêmea, na prova máxima do turfe paulista, defensora do Stud Magia foi a grande protagonista da festa de Cidade Jardim.
No momento clímax do turfe paulista, em todo o calendário, quis o destino que, em 2024, coubesse a uma fêmea, depois de 23 anos (a última havia sido Canzone, em 2001), a glória da vitória no Grande Prêmio São Paulo (G1).
Kenlova, 4 anos, filha do nacional Dídimo e Love It (Amigoni), de criação e propriedade do Stud Magia, foi capaz de abrilhantar, ainda mais, o seu já (muito) rico retrospecto - bem como, consagrar, em definitivo, sua excepcional campanha. Ela sagrou-se vitoriosa, ao final dos 2.400m na raia de grama (leve) do páreo, que reuniu, neste domingo (19), em Cidade Jardim, 17 produtos de 3 e mais anos.
Galo White, sem dar chance a quem poderia tentar lhe acompanhar, assumiu a primeira colocação, na largada, e logo abriu boa margem à frente do pelotão. Gesto Nobre alcançou a curva da direita já em segundo, correndo, pelos paus, em terceiro, Duc Noire.
Jorel (no início da reta oposta passaria para terceiro) e Callejero disputavam com o favorito do páreo, Obataye, a quarta posição. Faltando uma milha para o disco, Cold Heart acelerou, a meio de raia, passando para quarto e colocando Obataye no "caixote". A partir dali, os dois preferidos do público apostador, bastante próximos do pelotão da frente, passavam a correr "um pelo outro".
Estratégia completamente distinta foi adotada por Francisco Leandro, o jóquei de Kenlova. Sem demonstrar qualquer preocupação com as movimentações do bloco dianteiro (muito menos com a dupla que era tida e havida como o expoente da competição), o bridão mantinha Kenlova na décima segunda colocação - próxima da cerca. Na curva, Kenlova ganhou posições a puro galope, pelas balizas de dentro. Ingressou na reta final, já na disputa pelo oitavo lugar - e apenas 1 corpo atrasada em relação a Obataye, que corria em sexto.
Gesto Nobre e Jorel giraram para a reta final em disputa pelo primeiro lugar. Passando por entre Jorel e Cold Heart, Obataye apresentou-se à briga, nos 400 finais. Assumindo a dianteira, já contava, contudo, com Kenlova "em suas patas", atropelando por dentro.
Com pista livre para arrematar, Kenlova arrancou com vigor, para cima de Obataye. Sem encontrar resistência no oponente, ultrapassou-lhe a 200 metros do disco. Ali já se encontrava consumada a conquista mais importante de uma das melhores éguas vistas em ação, no Brasil, nas últimas décadas.
Aclamada pelo público, Kenlova derrotou Obataye por 3 corpos e 1/2, numa vitória irretocável. Chernozem ficou com a terceira colocação, numa excelente corrida. Bubbly Rain, sempre conferindo, foi o terceiro. Maximum Drive ficou com a quinta colocação.
A seguir, Rick The Great, Quero Te Mucho, Osprey, Quantify, Cold Heart, Jorel, Gesto Nobre, Sugar Daddy, Callejero, Quebranto, Duc Noire e Galo White.
Um craque na execução de seu ofício, Emerson Garcia mantém Kenlova há, ao menos duas temporadas, sob forma exuberante. Radicado no próprio Hipódromo de Cidade Jardim, Emerson conseguiu a proeza de levar a corredora a um patamar técnico superior àquele que, muitos, poderiam considerar o seu teto - dadas as importantes vitórias obtidas, no ano de 2023.
Já Leandro rendeu à condução da ganhadora a assinatura daquele que, não à toa, é o jóquei líder do exigente e rigoroso turfe argentino. Essa foi a sua primeira vitória no histórico do GP São Paulo; a segunda de Emerson e a primeira do Stud Magia cuja farda hoje protagonizou o tributo perfeito a todo amor e dedicação de João Carlos Di Gênio (falecido em 2022) destinados à criação do PSI.
Décima fêmea a vencer a prova, nos seus mais de 100 anos de disputa (antes dela, Garbosa Bruleur, Jocosa, Dulce, Donética, Bretagne, Cisplatine, Rafaga Sureña, Sweet Eternity e a já referida Canzone), Kenlova foi a segunda a emplacar o double GP OSAF (G1) e GP São Paulo (G1), que, até então, somente havia sido conseguido por Donética. Além desses êxitos, conta, em seu repertório, com vitórias no GP Roberto e Nelson Seabra (G1) e em outras 4 provas clássicas. Competiu, até aqui, por 15 oportunidades.
Eleita a "Melhor Potranca de 3 Anos" do Brasil, no Troféu Mossoró 2022/2023, Kenlova bateu o recorde da prova, que, até então, pertencia a Dono da Raia (2:24.49), ao completar a milha e meia no tempo de 2:24.35 (muito se aproximando, portanto, do próprio recorde da distância, pertencente a Quick Road, na marca de 2:24.06).