Pedigree & Black Type: os Ganhadores Clássicos no Brasil.
Nesta semana: Ouro da Serra e Gogo Boy.
No último final de semana, houve duas provas clássicas – ambas destinadas a arenáticos – disputadas no Brasil. Ouro da Serra venceu o Grande Prêmio Piratininga (G3, 1.600m/areia, produtos de 3 e mais anos, em Cidade Jardim) e Gogo Boy prevaleceu no Grande Prêmio Prefeitura do Rio de Janeiro (G3, 1.900/areia, produtos de 3 e mais anos, na Gávea).
Ouro da Serra (criação do Haras Estrela Energia e propriedade de Márcia Guidorzi Buffolo) é produto do japonês Agnes Gold (Sunday Silence e Elizabeth Rose, por Northern Taste). Em campanha, Agnes Gold foi à raia por 7 vezes, convertendo 4 delas em vitórias. As principais, em duas listed races disputadas na distância dos 1.800 metros, na raia de grama. Após 3 temporadas servindo, como garanhão, no Japão, veio ao Brasil no ano de 2009.
Agnes Gold, dentre outros ganhadores clássicos, produziu, até aqui, 5 vencedores de G1. Na iminência de estrear nos Estados Unidos, o super craque Ivar ganha destaque no seu rol de filhos. Ele deixou a Argentina na condição de líder invicto, da geração 2016, com direito a duas vitórias facílimas, no Gran Criterium (G1) e na Carrera de Las Estrellas Juvenile (G1).
Ganhadora da versão paulista do Grande Prêmio Diana (G1), Energia Fribby é outro chamariz, da produção de Agnes Gold. Ao vencer a Betfair Stand Cup (L), em Chester, no ano de 2014, Energia Fribby tornou-se o primeiro PSI brasileiro a vencer black type na Inglaterra.
A primeira mãe de Ouro da Serra, Lágrima de Amor (Dancer Man), também produziu o ganhador do Clássico Eurico Solanes (L), Energia Icon – irmão próprio de Ouro da Serra. Já a segunda, Point Reference (por Reference Point, irlandesa, sem campanha) foi importada na década de 1990, pelo Haras Pemale. E também figura como segunda mãe de Orechino (por Impression, segundo colocado para Bonaparte no GP Derby Paulista (G1)), de Poderosa Nativa (por Crimson Tide, segunda colocada em provas de G3) e Pode Ir (por Crimson Tide, quarto colocado no GP Paraná vencido por Mr. Nedawi – à época corrido sob status de G1).
A terceira mãe, Lonely Bird (por Storm Bird, norte-americana) cumpriu campanha na Itália, onde venceu G2 e foi segunda colocada no Oaks Italiano (G1). A quarta, Reinvestment (Key To The Mint), teve seus primeiros contatos com a criação brasileira por meio das suas filhas (trazidas ao Brasil, pelo já mencionado Haras Pemale, nos anos 90) Private Deposit (por Private Account, terceira mãe de Leviatan), Padrão Global (por Storm Bird, múltipla ganhadora clássica, na Gávea) e Plim Plim (por Slew City Slew, múltipla produtora clássica), além do garanhão Monsieur Renoir (El Gran Senor). Por fim, a própria Reinvestment veio ao Brasil, para servir no referido haras de Pedro Jarbas.
Merece menção, ainda, no pedigree de Ouro da Serra, sua sexta mãe, Lady Be Good (Better Self), uma norte-americana nascida em 1956 e notabilizada em razão dos diversos animais clássicos que dela descendem. Além dos já citados, outros exemplos brasileiros, advindos de sua extensa e bem sucedida produção são Widowhood (Eastern Echo) e Kahyasin (Jarraar). No exterior, sem prejuízo de diversos outros, Motivator (vencedor do Epsom Derby (G1) e pai da bicampeã do Prix l’Arc de Triomphe (G1), Treve) tem em Lady Be Good sua quarta mãe.
Inbreedings de Ouro da Serra: Northern Dancer (4x5).
Gogo Boy (criação do Haras Anderson e propriedade do Stud Pedudu), por sua vez, pertence à primeira geração brasileira (nascida em 2015) de Kodiak Kowboy (Posse e Kokadrie, por Coronado’s Quest), um norte-americano de 11 vitórias em 23 saídas. Venceu, dentre outros, o Carter Handicap (G1), o Vosburgh Stakes (G1) e a Cigar Mile (G1), recebendo o Eclipse Award de Champion Sprinter no ano de 2009. Ingressou na reprodução, em 2010, e antes de vir ao Brasil deixou, nos Estados Unidos, o ganhador do Santa Anita Handicap (G1), Melatonin, o ganhador de G3, Shotgun Kowboy e o múltiplo ganhador clássico, em Dubai, Cool Cowboy.
No Brasil, além de Gogo Boy, tem na ganhadora do Grande Prêmio Diana (G1), Duty do Jaguarete, na múltipla ganhadora de listed, entre Brasil e Uruguai, Wild Vip e em Madame Indy, que vem se destacando dentre os velocistas, em pista de areia, no Rio de Janeiro, outros destaques de sua produção.
Opera Pop (Midnight Tiger), a mãe de Gogo Boy, era a “faixa de luxo” da excelente Oklahoma Girl (outra Midnight Tiger). Escoltou-a, inclusive, no Clássico Luiz Alves de Almeida (L), além de ter obtido duas vitórias, em provas comuns, na Gávea. Gogo Boy figura como seu principal produto.
A matriz, por sua vez, descende de uma das mais felizes importações realizadas pelo Haras Anderson, na década de 1990. Shiny Happy (Phone Trick) venceu (a exemplo de Opera Pop) duas corridas comuns, na Gávea. Produziu Norway Boy (Dodge), vencedor do Grande Prêmio Major Suckow (G1); Phone Time (Gilded Time), nascido na Argentina e que por lá venceu o Grande Premio Raul y Raul E. Chevalier (G1), sendo que atualmente serve como garanhão, no próprio Haras Anderson; e Quartieri (Dodge), ganhador de G3, na Gávea.
Indo mais além, na linha baixa de Gogo Boy, vê-se que sua sexta mãe, a norte-americana Pink Velvet (por Polynesian, nascida em 1962), foi ganhadora de diversas provas da chamada clássica canadense (antes mesmo da instituição das pattern races), onde chegou a ser recordista, tanto em Woodbine quanto em Fort Erie. Mãe de mais de uma dezena de produtos, produziu garanhão que marcou época no Brasil, sendo, até hoje, sinônimo do classicismo fomentado, pelos criados brasileiros, no início da segunda metade do século XX: o também canadense Earldom (Princequillo) – cujos enormes recursos restaram explorados, sobretudo pelos paulistas, com destaque para o seu importador, o Haras Faxina, de Henrique de Toledo Lara.
Inbreedings de Gogo Boy: Mr. Prospector (5x5).
Por Victor Corrêa