Turfe perde Job di Caroline
Crioulo do Haras Curitibano morreu, no Paraná, aos 25 anos.
O tempo passa para todos e infelizmente o turfe nacional perde um craque. Job di Caroline, vencedor clássico e que marcou a história do Haras Curitibano nos deixou no dia de ontem, aos 25 anos. Filho de Minstrel Glory na ótima Caroline di Bond, o alazão que marcou época vai deixar saudade.
Desde muito novo o representante da farda “ouro, com cinta e braçadeiras vermelhas e verdes” chamou a atenção. Mesmo não sendo um cavalo de físico exuberante, tinha os traços de The Minstrel, reprodutor do qual descende. Estreou no Tarumã e se manteve invicto em suas cinco primeiras atuações, com destaque para o GP ABCCC (Listed). Antes, havia vencido os GP Carlos Dietzsch, Clássico Criadores e GP Dino Bertoldi.
Após seu início brilhante foi a hora de se preparar para a Tríplice Coroa Paulista, onde correu como protagonista. Chegou em segundo no GP Ipiranga (G1) e voltou no Derby Paulista, onde chegou na quarta colocação. Com duas colocações em provas de Grupo 1, seu caminho foi o Hipódromo da Gávea, onde em sua estreia levantou o GP José Buarque de Macedo (G3).
Vencida a preparatória, era hora de disputar a primeira prova da Tríplice Coroa Carioca, onde chegou na terceira colocação. “Esticado” para os 2 quilômetros, Job di Caroline conquistou merecida vitória no GP Jockey Club Brasileiro, premiando o saudoso Raul Trombini com uma vitória de Grupo 1 em uma Tríplice Coroa. No GP Cruzeiro do Sul, o Derby Carioca perdeu por detalhes, encerrando sua participação na Coroa Carioca com um 1°, um 2° e um 3°.
Dali foi ao Grande Prêmio São Paulo e ao GP Brasil, encerrando sua primeira passagem pelo turfe brasileiro com um terceiro lugar no Clássico Júlio Cápua (Listed). Viajando aos Estados Unidos conseguiu colocação de destaque, mas um problema no casco o fez voltar para casa.
Ainda venceu mais uma no Brasil, quando seu proprietário, Raul Trombini contrariou a lógica do mercado na época e apostou em um reprodutor nacional. Job di Caroline voltou ao Haras que nasceu e morreu, mas antes teve tempo de brilhar também como reprodutor.
Dos 65 filhos que correram no Brasil, 52 venceram. Uniboy di Job foi o primeiro a brilhar na esfera clássica, vencendo Listed na Gávea e diversas no Cristal. Na mesma geração Udinezzi di Job também venceu Listed, contando ainda com outros tantos animais que venceram Provas Especiais. Hojechove venceu a Copa Velocidade ABCPCC (G3) e Sky di Job venceu Grupo 3 derrotando Eyjur. Mas foi no Uruguai que seus filhos brilharam.
Boby di Job foi líder de sua geração, vencendo o Gran Premio Polla de Potrillos (G1) e o Gran Premio Jockey Club (G1), as duas primeiras provas da Tríplice Coroa Uruguaia. Perdeu o Gran Premio Nacional (G1) por detalhes e foi vendido por uma verdadeira fortuna para Dubai.
Mas ainda teve Ghandi di Job, um dos maiores cavalos do turfe uruguaio da última década. Bicampeão do Gran Premio José Pedro Ramirez (gr.I), o cavalo criado pelo Haras Curitibano pôs o nome de Job di Caroline na história dos grandes reprodutores.
Job di Caroline vai deixar saudades. E para encerrarmos esta homenagem ao craque que marcou a história de um dos haras mais tradicionais do estado, deixamos algumas palavras sobre ele vindas de Márcio Ferreira Gusso ao site da ABCPCC, que o treinou desde sua chegada quando potro.
“O Job di Caroline foi um divisor de águas para mim. Talvez não fosse melhor cavalo do mundo, mas se tratava de um cavalo completo. Ele corria na areia, na grama, na pesada, na leve. Muito embora especialista nos 2.000 metros ele chegava com qualidade nos 2.400 e também era ligeiro o suficiente para correr uma milha. Sem contar que seu início foi ao estilo ‘patinho feio’. Um cavalo médio para pequeno, de aproximadamente 450 quilos, e de aprumos não muito corretos. Possuía os joelhos em ‘xis’. ‘Barrigudo’. Mas de um coração muito grande.”
Matéria publicada no website do Jockey Club do Paraná em 03 de outubro de 2018.