O último final de semana foi bastante movimentado, em se tratando de turfe, nos Estados Unidos. Durante a tarde de sábado, Gulfstream Park sediou mais uma edição da Pegasus World Cup. À noite, foi palco para a festa de gala do Eclipse Awards.

Quando instituída, em 2017, a Pegasus World Cup – desde logo qualificada como prova de G1 – apresentava, além da vultosa premiação, correspondente US$ 12 milhões, uma proposta chamativa quanto à forma de participação: a venda de cotas, ao preço de US$ 1 milhão, cada, revertidas no direito de alinhar um animal no starting gate. Os investidores dessas cotas seriam, ainda, remunerados mediante uma extensa plataforma de premiações e ganhos com publicidade.

Três anos depois, os US$ 12 milhões – que chegaram a US$ 16 milhões, em 2018 – foram reduzidos para menos de um terço (US$ 2,94 milhões, com mais exatidão), em 2020. As cotas de participação (ano a ano, objeto de procura gradativamente menor) deram lugar ao sistema de convites da organização do páreo. Some isso à entre safra de animais de expressão no nicho e pista clássicos dos Estados Unidos, e o cenário de disputa da Pegasus World Cup (que perdeu inscrições, inclusive, para a versão inaugural da Saudi Cup) não se revelava dos mais alvissareiros. As coisas, porém, viriam a piorar.

Vindo de vencer, a galope, o Malibu Stakes (gr.I), Omaha Beach teria na Pegasus o compromisso final de sua campanha – antes de seguir à carreira de garanhão, na Spendthrift Farm. Tido, por muitos, como o melhor 3 anos do país, havia amargado um forfait no Kentucky Derby (gr.I), sem prejuízo de uma indigesta segunda colocação, na Breeders’ Cup Dirt Mile (gr.I). Nesse último compromisso, quem derrotou-lhe foi Spun To Run, também inscrito na prova central da sabatina, em Miami. Na quinta-feira, foi divulgado o forfait de Spun To Run, em razão de uma micose. Um dia depois, na véspera da competição, os noticiários reportaram que uma lesão também havia tirado Omaha Beach da disputa.

Tendo congelado os cronômetros nos matinais de Santa Anita Park – percorreu 1.200 metros, no dirt, em menos de 72 segundos – Mucho Gusto (Mucho Macho Man) desembarcou, na Flórida, pronto para dar a Bob Baffert sua segunda Pegasus World Cup (a primeira obtida, na versão inaugural da corrida, vencida por Arrogate). Não deu susto. Numa vitória incontestável, sob o comando de Irad Ortiz Jr. (horas mais tarde, o porto-riquenho restou aclamado Melhor Jóquei do país, pelo segundo ano consecutivo), Mucho Gusto abriu a folgada margem de 4 corpos e ½ sobre – o ganhador de G3 – Mr. Freeze. War Story, um Northern Afleet, de 8 anos, foi o terceiro.

Mucho Gusto não foi, contudo, o único descendente de Giant’s Causeway (garanhão de enorme sucesso da Coolmore, desaparecido em 2018, avô materno do ganhador da Pegasus) a atrair holofotes, àquele dia. Na categoria principal do Eclipse Awards (bem como na de Melhor Animal de Grama), Bricks And Mortar, um filho de Giant’s Causeway, tornou-se o segundo animal “gramático”, do século, a vencer o principal Eclipse Award (antes dele, Wise Dan, nos anos de 2012 e 2013). Ainda que os jurados costumem “namorar” com nomes comuns aos 2.000 metros – e distâncias aproximadas, na raia de areia – a escolha de Bricks And Mortar, como “Horse of The Year”, sem demérito algum do corredor, muito bem ilustra uma temporada que contou com a primeira desclassificação do ganhador de um Kentucky Derby, que foi marcada pelos atrapalhos na campanha de Omaha Beach e que seguiu carente, em seus principais páreos, de animais do quilate de Gun Runner e Arrogate, por exemplo.

Ao vencer a Breeders’ Cup Tiurf (gr.I), em novembro do ano passado, Bricks And Mortar teve sua campanha encerada, totalizando 13 saídas e 11 vitórias. No ano de 2019, sem conhecer derrota, levantou – além da BC Turf – a Pegasus World Cup Turf (gr.I), o Manhattan Stakes (gr.I), o Arlington Million (gr.I) e o Turf Classic Stakes (gr.I). Servirá, como garanhão, na Shadai Farm, no Japão.

Treinador de Bricks And Mortar e dono de resultados impressionantes (principalmente nos principais páreos, em pista de grama, dos Estados Unidos), Chad Brown, ao conquistar sua quarta honraria, consecutiva, de Melhor Treinador, igualou o feito de seu mentor, Robert Frankel – protagonizado nos anos 2000, 2001, 2002 e 2003. À medida que Klaravich Stables Inc. & William H. Lawrence, proprietários de Bricks And Mortar, foram agraciados na categoria de Melhor Proprietário, e George Strawbridge Jr., seu criador, na de Melhor Criador, pela segunda vez na história da premiação 100% da equipe, do Cavalo do Ano, emplacou, nas demais respectivas categorias. Até então, somente John Henry, “Horse of The Year” com todo o seu staff, em 1981, havia feito a história, desta maneira.

Abaixo, os vencedores das demais categorias do Eclipse Awards 2019:

Potro de 2 Anos – STORM THE COURT

Potranca de 2 Anos – BRITISH IDIOM

Potro de 3 Anos – MAXIMUM SECURITY

Potranca de 3 Anos – COVFEFE

Melhor Égua Adulta – MIDNIGHT BISOU

Melhor Cavalo Adulto – VINO ROSSO

Égua em Pista de Grama – UNI

Égua Velocista – COVFEFE

Velocista – MITOLE

Aprendiz – KAZUSHI KIMURA