07 fev 2023 | 22:40:34

Pedra única: um grande passo numa caminhada que não pode parar

Comunicado compartilhado pelos hipódromos brasileiros apresenta, oficialmente, detalhes sobre a primeira operação unificada de apostas do turfe brasileiro. Pela frente, várias batalhas (incluindo o jogo ilegal).


Aspiração de diferentes gerações de turfistas, a pedra única, finalmente, será implementada no Brasil. Na próxima quinta-feira (9), a reunião a ser realizada em Porto Alegre concentrará, pela primeira vez, num único sistema, a totalidade das apostas provenientes de diferentes praças e agências do país.

Nesta terça-feira (7), os jockey clubes nacionais veicularam, em seus websites, o anúncio oficial sobre a pedra única. O documento apresenta algumas informações sobre o cardápio de apostas e retiradas. Clique aqui para visualizá-lo (também disponível ao final desta publicação).

O grande ganho vislumbrado pelo público turfista, a partir da pedra única, seria a possibilidade de o sistema (porque concentrando uma maior quantidade de dinheiro apostado) ser capaz de suportar apostas de valores expressivos sem que isso, necessariamente, altere significativamente os rateios. Isso, em tese, tanto tornaria possível o retorno de apostadores mais robustos (pela volatilidade dos rateios, há algum tempo distantes das apostas em turfe, no Brasil) quanto a chegada de novos apostadores de grandes montas – mas sem expertise ou tempo suficientes para o estudo e investimento de modalidades mais sofisticadas do que vencedor e placê, por exemplo.

Isso é claro, sem falar numa distribuição mais inteligente de despesas e receitas que dizem respeito aos sistemas de apostas dos diferentes hipódromos envolvidos na empreitada.

Especificamente a respeito da expectativa da incrementação do movimento de apostas, em razão dos motivos listados acima, o Presidente da ABCPCC, Luis Felipe Brandão dos Santos, relembra das estimativas apontadas pelo Projeto Turfe Forte, que, há mais de uma década, consistiu no mais sofisticado diagnóstico técnico já vivenciado pelo turfe brasileiro.

“Para falarmos da pedra única, podemos nos utilizar do ditado ‘antes tarde do que nunca’. Desde muito tempo, vemos gente lutando por isso, nos bastidores do turfe nacional. Por motivos diversos, porém, atribuíveis a diferentes entidades, gestores e diretorias, fato é que houve vários desencontros, ao longo do tempo, que resultaram nessa espera, somente saciada agora, em 2023. Há mais de 10 anos, quando a Associação Paulista de Fomento ao Turfe contratou a consultoria da Dextron para a realização de um trabalho de diagnóstico da atividade no Brasil, os resultados do Projeto Turfe Forte apontavam para um acréscimo de 20% a 30%, a curto prazo, nas apostas, se implementada a pedra única. O problema é que, de lá para cá, o cenário como um todo e diferentes fatores exógenos, naturalmente, se modificaram. Hoje em dia, não temos mais como, infelizmente, adotar aquelas mesmas projeções”, explica Luis Felipe.

Para o dirigente, o fenômeno da pedra única somente atingirá os objetivos almejados se, justamente, os clubes promotores de corridas souberem como enfrentar as conjecturas que, ao longo da última década, vieram à tona.

“Àquela época, nós não tínhamos, por exemplo, o boom das apostas esportivas. Mal e mal havia aplicativos de trocas de mensagens. Era outra realidade. Agora, há todo um mercado de apostas esportivas, que, naturalmente, concorrem com o turfe. E quanto a esse enorme mercado, como ele foge de qualquer ingerência ou controle de quem promove o turfe, não há muito o que se fazer. Por outro lado, é de suma importância que nós combatamos, com muita força, um segundo elemento que se solidificou nessa linha do tempo. E, esse sim, está no nosso dia-a-dia e é predatório a qualquer iniciativa sobre apostas em cavalos de corrida, no Brasil: a aposta clandestina”, aponta.

Para Luis Felipe, o enfrentamento das apostas clandestinas é, não apenas uma segunda frente fundamental no projeto de implementação da pedra única, como também plenamente possível de ser encampado.

“De nada, absolutamente nada, vai adiantar termos a pedra única se, justamente, perdermos esses apostadores de maior calibre, bem como o maior movimento possível de apostas, para o jogo ilegal. E veja: é algo que está totalmente sob o alcance dos clubes. Chegou-se a tal ponto que, hoje, não apenas todo mundo conhece os banqueiros de apostas clandestinas, como estes, preste atenção, sentem-se à vontade para frequentar as dependências do hipódromo. Eles zombam da autoridade dos clubes, sentem-se seguros da impunidade. Do mesmo modo, os grupos de WhatsApp que captam apostas ilegalmente: os números estão ali, os nomes estão ali. Ou os clubes se juntarão para combaterem, com a maior agressividade possível essa doença da nossa atividade, ou a pedra única terá seu potencial severamente reduzido”.

Com participação ativa, também, na vida diretiva do Jockey Club Brasileiro, Luis Felipe defende que haja a publicização da prática criminosa envolvendo o jogo ilegal, bem como uma atuação conjunta dos Jockey Clubes no seu combate.

“Isso tem que constar nos programas, nos retrospectos: jogo clandestino é crime. Todos precisam estar cientes. É algo muito grave e que, por isso mesmo, demanda publicidade ostensiva. No mais, é necessário que os promotores de corridas e apostas se organizem para disporem de um corpo jurídico que se preste ao combate incessante das apostas clandestinas. Quando essas pessoas, que todos conhecem e sabem de quais círculos participam, onde moram etc., começarem a sentir o rigor da lei ou, na pior das hipóteses, os gastos com advogados, inserção dos seus nomes em fichas criminais, dentre outras consequências, não vai tardar para que nosso mercado de apostas esteja moralizado. Mas isso demanda organização e proatividade dos clubes: é o próximo passo. É uma iniciativa fundamental para essa virada de chave que todos queremos tanto que aconteça”, completa.

 
 
 
 

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