23 out 2020 | 20:58:10

Um olho na raia, outro no céu: o ingrediente metrológico do GP São Paulo 2020

Última prova de grupo I do calendário nacional, em 2020, páreo máximo do turfe paulista é realizado em edição atípica que ganhou, porém, com campos frondosos. Condições metrológicas e de pista são interrogações para os apostadores.


Tradicionalmente disputado no mês de maio, o Grande Prêmio São Paulo não fugiu à regra de um ano atípico: em razão de todos os acontecimentos de 2020, a prova máxima do turfe paulista foi realocada no mês de outubro. Será disputada, mais precisamente, no próximo domingo.

Quando do recebimento das inscrições, o público turfista deparou-se com campos numerosos e interessantes – contando com uma boa quantidade de animais, inclusive, provenientes do Rio de Janeiro e Paraná. Alguns, inclusive, com recentes – e destacadas – passagens pelo festival do GP Brasil.

Entre palpites e análises diversas para o meeting, os turfistas deparam-se com um elemento “a mais”, capaz de transformar prognósticos realizados com alguma antecedência. Além da chuva, do início da semana, há a possibilidade de cair mais água sobre Cidade Jardim, nas próximas 48 horas. Para a alegria de alguns. Lamentação de outros.

Head Office "torce" por raia leve: nome absoluto dentre os corredores "paulistas"

Imagem: Porfírio Menezes/Divulgação JCSP

Na prova central, o GP São Paulo CSN, Head Office chega para a disputa como, há tempos, não havia um representante local: absoluto. Em condições normais, ao menos no que toca o time paulista de competidores, é difícil imaginar que o filho de Wild Event, acostumado, se não a arranhar o recorde da milha e meia, vencer por vários e vários corpos, venha a ser derrotado. Ocorre, porém, que está aí um típico exemplo de animal cujo rendimento é, total, na raia leve – e decai, gradualmente, quanto mais pesado o estado da pista.

A situação torna-se ainda mais dramática para o neto de Giant’s Causeway, à medida que seus dois principais oponentes, vindos da serra fluminense, por outro lado, desempenham com alto rendimento, também no piso anormal. Afinal de contas, foi na pesada que George Washington venceu o GP Brasil do ano passado. Também na pesada, Olympic Impact venceu as preparatórias para o Brasil deste ano. Eles finalizaram, em terceiro e segundo, respectivamente, para Pimper’s Paradise, no último mês de setembro.

Na leve ou na pesada, contudo, caso o trio de ferro do páreo renda abaixo do esperado, há um quarto elemento (sem prejuízo e com todo o respeito devido aos demais inscritos) cujo poderio locomotor é considerado alto – mas que, talvez, siga em busca de seu melhor estilo de corrida. Trata-se de He’s Gold, que, na Gávea, impressionou ao reaparecer, de considerável inatividade, com um segundo lugar, no Derby. Desde então, vem devendo um bocado. Ainda assim, os ares paulistas podem fazer-lhe bem.

Ainda sobre o campo da prova, uma constatação rara e, por que não, feliz. Dos 12 inscritos, nada menos que 8 são filhos de reprodutores nacionais. Inclusive Olympic Impact, há pouco mencionado, que defende a produção do inesgotável Redattore.

Eron do Jaguarete terá pela frente o recente ganhador da Milha Internacional, na Gávea, Olympic Jhosnow

Imagem: Porfírio Menezes/Divulgação JCB

Um pouco antes, por ocasião do GP Presidente da República, os turfistas terão acesso a algo que, desde muito, não ocorre: o choque dos dois melhores milheiros em atividade, em Cidade Jardim e na Gávea. O duelo que se avizinha, entre Eron do Jaguarete e Olympic Jhonsnow, ganha contornos ainda mais especiais, ao passo que não há muita discussão sobre os dois estarem, na atualidade, num degrau acima dos demais, em suas respectivas localidades. Caberá a eles, contudo, emplacarem a teórica superioridade, na hora da corrida.

Invicto em 3 saídas, Homer Screen tentará seu teste de fogo, na Milha do GP São Paulo. Filho da craque Smile Jenny, já mostrou (em sua última corrida, muito mais por necessidade e peripécias do que por opção) que pode adaptar-se ao train de corrida, conforme conveniência do jóquei e estratégia da equipe. Já Olympic Ipswich retorna à capital paulista, na expectativa de fazer o mesmo que tentara no GP Brasil: escapar na dianteira, ditando o ritmo do páreo para que, quando seus adversários se derem por si, seja tarde demais.

No GP OSAF, Hevea apresenta-se como a maior força, dentre as provas de G1

Imagem: Porfírio Menezes/Divulgação JCSP

No sábado véspera, não há um nome que chame tanta atenção, quanto o de Hevea, no Grande Prêmio OSAF. Adquirida, por alta soma, em leilão de treinamento (fato acompanhado, com satisfação, pela comunidade turística local, uma vez que a transação representou o fomento do próprio mercado interno do cavalo de corrida, pelo Haras Santa Maria de Araras), a alazã enfileira 6 vitórias consecutivas, incluindo as duas corridas preparatórias.

Dentre os nomes que já estiveram pelo caminho da virtual favorita, em outras ocasiões, talvez os de maior consistência sejam Lixivia (ao que tudo indica, faltou-lhe um pouco de aguerrimento, nos lances decisivos, do mais recente compromisso) e Karol King (ligeira e dura, não tem “meio termo”, no modo de correr: quanto maior a tentativa em lhe amansar, pior o resultado). Gyoza e Olympic Jackie, que, num passado recente, obtiveram colocações próximas de Mais Que Bonita, no Rio de Janeiro, viajam até São Paulo em busca daquele que poderá ser o primeiro êxito clássico de suas respectivas campanhas.

Nantucket vem de perder páreo sem nome, no GP Major Suckow

Imagem: Porfírio Menezes/Divulgação JCSP

Por fim, no Grande Prêmio ABCPCC, mais uma carreira cujo desenrolar tende a ser alterado, sensivelmente, de acordo com as condições de tempo e pista. Vindo de perder uma corrida de chorar, no GP Major Suckow (G1), Nantucket obteve, justamente na raia pesada, seus melhores resultados. Ainda assim, caso, de fato, haja chuva, e quanto mais chover, mais complicada a vida daqueles que largam por dentro – dentre os quais, Nantucket, saindo da baliza 3. Nice Lady, outro bom elemento na raia pesada, “sofre do mesmo mal”. Por outro lado, o invicto Yes Tiger, bem como Geluve, vinda de terceiro no Suckow, com percurso algo atribulado, têm para si o trunfo das balizas de fora – e poderão usar-se disso para tentar desbancar o provável predileto dos apostadores.

O festival do GP São Paulo terá início neste sábado, a partir das 13 horas e 30 minutos, com a disputa de prova da raça árabe, e outras 8 corridas normais, na sequência. No domingo, 9 páreos comporão a jornada máxima paulistana, a partir das 13 horas e 30 minutos.

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