Um presente de Natal para a memória: o GP Brasil de 1980
Reportagem da Rede Globo de Comunicação, sobre uma das versões mais marcantes e polêmicas da história da prova máxima nacional, teve suas imagens recuperadas.
O domingo, 3 de agosto de 1980, entrou para a eternidade.
Enquanto o mundo se emocionou com “as lágrimas” do ursinho Misha no final das Olimpíadas de Moscou, o turfe presenciou, nesta mesma data, uma das retas mais eletrizantes e polêmicas de toda sua história, a do Grande Prêmio Brasil (G1), no Hipódromo da Gávea.
Alguns dos melhores animais do país estavam na Gávea para a 48ª edição da maior prova do turfe nacional, como:
Baronius (Haras São José & Expedictus), o melhor no GP Estado do Rio de Janeiro e na Taça de Ouro, ambos páreos de G1;
Big Lark (Carmen Thereza Machline – esposa de Matias Machline, titular do Haras Rosa do Sul), um animal de excelente padrão em qualquer raia, tanto que em sua campanha constam segundos lugares nos GPs São Paulo, Cruzeiro do Sul, Paraná e Bento Gonçalves, mostrando sua versatilidade;
Dark Brown (Haras Rosa do Sul), ganhador do Derby no RJ e em SP e do GP São Paulo;
Sunset (Fazenda Mondesir), primeiro colocado no GP Brasil 78 e no GP Jockey Club Brasileiro;
e o Tríplice Coroado African Boy (Haras São José & Expedictus).
Cavalo de difícil direção, Big Lark era manhoso, difícil, atuava de antolhos, muitas vezes só o chicote o fazia correr. Assim, o experiente Antonio Bolino o lançou resolutamente para a dianteira. Baronius e Dark Brown, ambos aos 4 anos, corriam de atropelada e esperavam a reta para dar caça ao ponteiro.
Os dois atropelaram juntos e o jóquei de Dark Brown, José Queiroz, segurou a rédea de Baronius, impedindo-o de progredir. Na frente, Big Lark galopava solto. Quando Gabriel Menezes conseguiu desvencilhar-se, Baronius voou à caça de Big Lark. Uma reta sensacional, com dois dos maiores jóqueis da época, um bridão (Gabriel Menezes) o outro no regime de freio (Antonio Bolino). Envolvidos na disputa, ainda, Abádio Cabreira e Francisco Saraiva, dois mestres na arte de treinar cavalos de corrida. E, é claro, as conexões “gigantes”, das famílias Machline e Paula Machado, duas das mais importantes da rica história do Esporte dos Reis.
Baronius trazia ação avassaladora. Porém, Big Lark tinha reservas. Baronius atirou-se para dentro e Bolino “batia aberto”, na tentativa de frear o ímpeto de Baronius com o uso do chicote. No disco, vantagem para Big Lark.
Gabriel reclamou, a decisão foi demorada, porém a Comissão de Corridas confirmou o resultado de pista, para um misto de alegria e inconformismo dos presentes ao Hipódromo da Gávea.
Esse vídeo, uma reportagem do Jornal Nacional, é fruto de um trabalho excelente que vem sendo feito pelo Jockey Club Brasileiro para que as futuras gerações tenham as imagens dos principais páreos realizados na história centenária do Hipódromo da Gávea, sendo o único registro de imagens do mais polêmico Grande Prêmio Brasil da história.
Abaixo, veja também, reportagens da época, sobre o Brasil 80 (Pesquisa e texto: Fernando Lopes com a colaboração de Sylvio Rondinelli & Victor Correa).