01 set 2021 | 10:47:07

Nota de falecimento: Alfredo Grumser


Alfredo Grumser

Imagem: Divulgação JCB

O turfe brasileiro amanhece carente de mais um dos seus gigantes.

Faleceu, nos Estados Unidos, Alfredo Grumser, titular do Haras Doce Vale, uma das fardas mais vitoriosas da criação brasileira, nas últimas décadas.

Se, desde cedo, praticou o hábito turfista, correndo animais de sua propriedade (manteve, por longo tempo, o Stud Grumser), ao final dos anos 1980 Alfredo deu a principal guinada em sua jornada junto aos cavalos. Adquiriu, em Bagé, o Haras Inshalla – que, por sua vez, já havia sido instalado na mesmo imóvel que, de início, deu base ao Haras Sideral. Tendo adquirido, também, as matrizes do vendedor, Alfredo seria o responsável, por exemplo, pelo começo da fantástica Court Lady, na reprodução.

Não tardou para que os animais do Haras Doce Vale, na nova fase de Alfredo, começassem a brilhar, de modo intenso, nas pistas nacionais. Jomalat, Kick Back, Kijoliogadheer e Malmedy são alguns nomes de lembrança recorrente aos turfistas. Pouco depois, veio o primeiro monumento de sua criação: Onefortheroad, filha da já mencionada Court Lady, que, após vencer o GP Diana (G1), em São Paulo, no ano de 1995 (dentre outras vitórias e colocações de expressão), viria a se tornar uma das mais brilhantes reprodutoras brasileiras, em todos os tempos.

Na virada do novo milênio (enquanto seguiam as vitórias de Round Hill e Quartier Noir), manteve-se o Haras Doce Vale (igualmente sob a condução de Patrícia Bozano, esposa de Alfredo) em pleno ritmo e ocupando posição de destaque nas manchetes turfísticas. Ay Caramba, o terceiro produto de Onefortheroad, derrotou Leroidesanimaux no GP ABCPCC (G1), na Gávea, e, posteriormente, enviado aos Estados Unidos, tornou-se, lá também, ganhador clássico. Com Double Trouble, que deixou o Brasil na condição de líder, na Gávea, o Haras Doce Vale conquistou seu primeiro G1, nos Estados Unidos, quando da vitória de sua pupila no Santa Maria Handicap (G1), no ano de 2008.

Enquanto Double Trouble brilhava no exterior, despontava, no Brasil, o incrível Fluke. De início avassalador nas pistas cariocas, despediu-se do Brasil com um segundo lugar no GP Juliano Martins (G1) para, então, conquistar as raias norte-americanas. Vitorioso no Frank E. Kilroe Mile Handicap (G1) e no Citation Handicap (G1), Fluke retornou ao Brasil onde, numa mais do que breve carreira de garanhão (acabou, precocemente, desaparecido), logo deixou a todos a impressão de ter se perdido um reprodutor de exceção. Com uma única geração e apenas 29 produtos registrados, Fluke produziu a ganhadora da Taça de Prata (G1), Nostalgie; o ganhador de G2 e clássico de G1, New In Town; e a inesquecível No Regrets, consagrada pela conquista da tríplice coroa carioca no ano de 2017.

Na constância de sua profusão de craques (Éissoaí, Flymetothemoon, Hunka Hunka etc.), o Haras Doce Vale conquistou, então, a vitória que lhe faltava. No ano de 2016, My Cherie Amour, filho do já citado Ay Caramba, levantou o Grande Prêmio Brasil (G1). A prova máxima do turfe nacional viria a ser, novamente, conquistada pela farda, em 2020, quando seu super craque, Pimper’s Paradise, cruzou o espelho, na primeira colocação.

A seleção, os critérios e os processos que fizeram da missão de Alfredo no turfe referência para as principais provas nacionais, ficam para a eternidade.

Da mesma maneira como resta o desconsolo de vislumbrar a partida, cedo demais, de um nome que ajudou a realçar o cavalo de corrida aqui criado, além mares.

A Diretoria da ABCPCC presta votos de luto e solidariedade aos amigos e familiares.

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