Saúde animal: pesquisa identifica citoquina que contribui para a progressão da laminite
A inibição da Interleucina 17, em casos de laminite contralateral, pode apontar o caminho para uma maior eficácia das intervenções terapêuticas.
A produção de uma citoquina – que promove inflamações – aumenta em situações de laminite contralateral (ou seja, desenvolvida no membro saudável, que vem a suportar o peso do membro comprometido), de acordo com pesquisadores. O estudo, tratado em matéria do website Horse Talk (para acessá-la, clique aqui), pode apontar o caminho para o desenvolvimento de técnicas mais eficazes nas intervenções terapêuticas contra o tão temido “aguamento”.
A pesquisa desenvolvida por Lynne Cassimeris (Leigh University), Julie Engiles e Hannah Galantino-Homer (estas duas últimas vinculadas ao New Bolt Center) focou-se na trajetória da citoquina pró-inflamatória Interleucina 17. As citoquinas são secretadas por células específicas do sistema imunológico, que, dentre outras funções, mediam e regulam inflamações.
A laminite contralateral, por sua vez, corresponde a uma dolorosa complicação secundária de lesões ortopédicas e infecções, frequentemente resultando em eutanásia. A ativação da Interleucina 17, decorrente de quadro inflamatório é uma resposta ao estresse epidérmico que contribui para a cura fisiológica de feridas cutâneas, bem como para condições patológicas da pele.
Para a realização do estudo, os pesquisadores testaram a seguinte hipótese: na laminite que acomete o membro apoiado, as lamelas equinas reagem ao estresse por meio da expressão de genes regulados positivamente pela Interleucina 17, em uma reação semelhante àquela vista em doenças de pele humana ou cicatrização de feridas.
Os pesquisadores utilizaram tecido lamelar conservado, em isolamento, de equinos sacrificados após laminite contralateral, e compararam com amostras de tecido de cavalos sem laminite. A Interleucina 17 foi, primeiramente, detectável, apenas, nas amostras do grupo da laminite, com os genes alvo por trás da sequência da Interleucina 17, forte e positivamente regulados, em comparação com as amostras livres de laminite. Notou-se, também, que a laminite equina apresenta disposições similares à psoríase humana (clique aqui para saber mais).
“Partindo da premissa que o caminho de ativação da Interleucina 17 contribui para a progressão da doença, em se tratando da laminite equina, tal qual ocorre com doenças de pele humanas, o bloqueio desse caminho de ativação poderia levar ao desenvolvimento de um tratamento terapêutico adequado para se utilizar em cavalos”, reportou o trio de pesquisadoras ao jornal Plos One.
Os pesquisadores afirmaram, ainda, que inibir a manifestação da Interleucina 17 nos equinos não será tão simples quanto terapias aplicadas em humanos, tendo em vista que o mais bem sucedido tratamento de psoríase em humanos utiliza anticorpos monoclonais para bloquear a ativação da Interleucina 17. Isso porque os anticorpos poderiam não se conectar ao receptor equino da Interleucina 17, bem como mostrarem-se antigênicos e possuírem um custo muito alto e que inviabilizaria o tratamento, em equinos.
Ainda assim, a inibição local da Interleucina 17 num tecido afetado, possivelmente utilizando um vetor viral adenoassociado para fornecer genes capazes de inibir sinais dependentes da Interleucina 17, ou manifestar citoquinas bloqueadoras da inflamação, poderia ser promissora, uma vez que se reconhece que o caminho da Interleucina 17 contribui para a progressão da laminite.
Em conclusão, afirmou-se que as descobertas, por meio do estudo, mostram a suprarregulação de um grupo de genes alvo da Interleucina 17, em casos de laminite contralateral. Os resultados também fortalecem a hipótese de que existem semelhanças na resposta a estresses e danos entre os tecidos epidérmicos equinos e humanos.
Para acessar o estudo, clique aqui.