Knicks Go e Life Is Good: um duelo com hora marcada na Pegasus World Cup
Ao que tudo indica, a Pegasus World Cup (G1) do sábado marcará um clássico duelo com hora marcada – relembrando os velhos filmes de faroeste. De um lado, Knicks Go, no seu último ato. Do outro, um atirador preciso chamado Life Is Good.
Poeira. A bola de feno que rola, sozinha, pela tela. Ao fundo, um saloon. De repente, o enquadramento: as botas de couro apontadas uma à outra. Mãos no coldre, à espera do momento final.
A breve descrição acima refere-se, naturalmente, ao imaginário coletivo, quando se pensa numa cena típica dos filmes de faroeste. A arte ítalo-americana conta com uma legião de adeptos e, até mesmo aqueles que não o são, ainda assim não escapam da lembrança, quase que automática, à imagem.
Amanhã, essa mesma cena trocará o deserto do oeste norte-americano por uma improvável locação tropical. Em Gulfstream Park, a Pegasus World Cup (G1), em sua versão 2022, colocará, frente a frente, Knicks Go e Life Is Good – os dois melhores PSI do turfe estadunidense, na atualidade.
Knicks Go estará em ação, nas pistas, pela última vez. Após a exibição, o tordilho, que foi aclamado melhor cavalo do mundo em 2021 pela Federação Internacional de Autoridades Hípicas, seguirá para a Taylor Made, no Kentucky, onde servirá como reprodutor.
Num contraponto ao último ato do adversário, Life Is Good precisa mostrar que é o dono do gatilho mais rápido da América também pelo fato de que um ano todo ainda o aguarda, nos principais páreos do país.
Superada a questão dos momentos antagônicos das campanhas de um e de outro, são vários, contudo, os pontos de convergência entre ambos. Por exemplo: os dois contam com o apoio de excelentes treinadores e jóqueis, vêm de conquistar maiúsculas vitórias no festival da Breeders’ Cup (Knicks Go na Classic; Life Is Good na Dirt Mile) e costumam acionar no protagonismo da prova, desde a largada.
A terceira semelhança mencionada no parágrafo anterior confunde-se, inclusive, com a própria tônica do páreo de amanhã. Ainda que a imprensa especializada tenha repercutido, nos últimos dias, possíveis declarações das equipes de um e de outro afirmando que nenhum fará questão da dianteira, a ponto de travar uma briga suicida, é muito difícil – para não se dizer impossível – imaginar que ambos abdicarão, com facilidade, da liderança da corrida.
Resta saber quem bancará o desgaste necessário para correr na frente do oponente – e, de outro lado, quem correrá o enorme risco de ver o rival transformar-se num obstáculo intransponível, na dianteira.
Aliás, tamanho é o abismo técnico que separa os dois do restante do lote, que somente na hipótese de um train de corrida letal a ambos (à la Cigar e Siphon no Pacific Classic Stakes de 1996, o qual acabou vencido por Dare And Go, vindo de trás) é que haveria alguma possibilidade de ser outro o vencedor do páreo. O mais cotado, nessa hipótese, seria Stiletto Boy, já acostumado ao papel de coadjuvante nos páreos da primeira turma, na areia e no meio-fundo, do país. Sempre por perto, porém, pode roubar a cena, se assim os desígnios do páreo lhe permitirem.
A Pegasus World Cup será disputada às 19h34, horário de Brasília.
por Victor Corrêa