Mensagem do Presidente
O descaso do Jockey Club Brasileiro sufoca sua gente.
O caos instalado pelo coronavirus num cenário de amplitude global: danos e sofrimento que não escolhem nem lugar, tampouco classe social. As últimas semanas estampam a luta de governantes e seus governados em busca das melhores técnicas e estratégias possíveis no combate à doença. Paralelamente: onde é possível e necessário, tenta-se mitigar os efeitos da crise no dia-a-dia de cada comunidade. Na contramão da doação, da compaixão em prol do próximo, encontra-se a situação do Jockey Club Brasileiro.
O Jockey Club do Rio Grande do Sul e o Jockey Club de São Paulo optaram por manter a realização dos páreos, sem a presença de público. Condições logísticas foram implementadas para permitir a promoção da atividade e, ao mesmo tempo, mitigar situações que pusessem em risco os profissionais envolvidos. Gente dos bastidores dos hipódromos e gente das cocheiras que, num exercício de resiliência, colaboraram para a manutenção dos programas.
No Jockey Club Brasileiro, porém, tudo na contramão.
O vergonhoso comunicado publicado no site do Jockey Club Brasileiro, na data de ontem, mergulha sua gente do turfe num oceano de incerteza e desespero. Nem uma linha sequer falando da previsão do retorno das corridas, datas, perspectivas, nada!
Pior, lança mão de falsa premissa. Joga-se a culpa no Decreto do Governo Estadual, que determina a não realização de atividades desportivas e culturais nas quais exista “aglomeração de pessoas”. Não há, porém, qualquer referencial numérico, em termos de público (máximo tolerado), imposto pelo Decreto. Pergunta-se: em qual data, o Jockey Club Brasileiro abriga público ao menos semelhante à aglomeração de pessoas?
Como se não bastasse, há um lamentável pano de fundo pairando sobre a Gávea: o pleito eleitoral de maio próximo. À medida que se evita o turfe, evita-se, também, uma maior circulação de ideias, propostas e projetos de campanha. De um lado, a mesquinharia eleitoreira. De outro, o desrespeito à cadeia produtiva do turfe e sua gente.
O interesse de uns poucos – ou de um só – contra a criação nacional, proprietários e profissionais do turfe. Inadmissível, mas nada surpreendente!
Antônio Landim Meirelles Quintella
Presidente da Associação Brasileira dos Criadores e Proprietários do Cavalo de Corrida